Correção: as tarifas dos táxis na Capital não seguem subindo, como informado nesta matéria entre 15h11min de 11 de abril e 14h10min de 12 de abril, mas estão sem alteração desde 2016, conforme a EPTC. O texto já foi corrigido.
Quem circula por Porto Alegre percebe que está cada vez mais difícil ver um táxi rodando pelas ruas e avenidas. A queda não é mera impressão: levantamento da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), feito a pedido de GaúchaZH, mostra que, apesar da quantidade de veículos se manter relativamente estável, o número de taxistas com cadastros ativos — os que têm o "carteirão" — caiu 30% em pouco mais de um ano, passando de 10 mil em novembro de 2017 para 6,9 mil em fevereiro deste ano.
Duas razões principais são apontadas como causadoras do fenômeno, uma delas relacionada à mudança de hábito do consumidor. Principal meio de transporte individual de passageiros há alguns anos, o táxi da Capital convive desde 2015 com aplicativos que apresentam, via de regra, preços mais baixos e comodidade, ainda que as tarifas do táxi sigam sem reajustes desde 2016. Com menor procura, a atividade deixou de ser rentável.
O outro motivo seria a mudança na Lei Geral dos Táxis, proposta pela prefeitura e aprovada pela Câmara Municipal no ano passado. A nova regra trouxe uma série de mudanças para a categoria, como a obrigatoriedade do exame toxicológico, que identifica se os motoristas ingeriram drogas ou entorpecentes.
Enquanto a queda de motoristas é relevante, o mesmo não pode ser dito a respeito da quantidade de táxis. Os dados da EPTC mostram que o número de permissões, do final de 2017 para o início de 2019, variou negativamente 3%. A disparidade tem explicação: muitos permissionários acabaram assumindo o volante e trabalhando mais horas em vez de contratar um funcionário, na tentativa de lucrar mais. É o caso de Giovani Borges, 58 anos de idade e 30 de profissão, que trabalha no ponto do aeroporto Salgado Filho.
— Eles (aplicativos) quebraram tudo. Não tem serviço — analisa. — O rapaz (funcionário) foi embora por causa do pouco serviço. Eu pego das 5h até as 15h. Ele pegava depois, mas não tinha mais serviço, e foi trabalhar no aplicativo. Imagina fazer R$ 100 e levar R$ 25 para casa — acrescenta.
Hoje, no período em que Borges não trabalha, o táxi não circula. Ele conta que só não procurou outra profissão por causa da idade:
— É rezar para que melhore. Eles (os apps) também estão matando cachorro a grito. Param aqui e conversam com a gente, está ruim para nós e para eles.
O movimento feito pelo funcionário de Borges não é incomum. Gerônimo Oliveira, 37 anos, não hesitou em também trocar o táxi pelo aplicativo após 10 anos de trabalho. Entre 2015 e 2016, sentiu que a maré estava virando e optou por migrar. O ex-taxista alugava dois prefixos de permissionários que não tinham mais condições de trabalhar, comprava os carros e contratava motoristas.
— Começou a diminuir a demanda com o Uber, POP, Cabify. A população estava primando por um serviço de mais qualidade. E os donos dos carros (táxis) estavam pedindo valores muito altos — conta Oliveira, que começou a utilizar o carro particular para levar passageiros por meio dos aplicativos.