Os dois militares que pilotavam o avião da Força Aérea Brasileira (FAB) que caiu em Viamão (RS) na sexta-feira (5) agiram com lucidez, antes do acidente. Ao perceber uma falha no único motor do jato de combate A-1B, derivaram a aeronave para uma área desabitada, por medida de precaução, a fim de evitar perdas humanas e materiais.
A informação consta de nota oficial da FAB, que abriu investigação para determinar as causas da pane. Peritos do Quinto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa 5), com sede em Canoas, já recolheram em Viamão os destroços da aeronave militar, que ficou totalmente destruída ao se chocar com o solo.
O piloto, capitão Daniel Vitor Alves e o copiloto, tenente Alessandro Fiorenza Munaretto, conseguiram se ejetar após a pane no avião, passam bem e não sofreram ferimentos. Ambos foram examinados no Hospital da Aeronáutica de Canoas. A reportagem de GaúchaZH tentou contato com eles, sem sucesso.
Específico para aviões de guerra, o assento ejetor é lançado para fora da aeronave por meio de uma carga explosiva ou motor movido a foguete. Em situações de falha técnica ou ataque inimigo, ele joga para fora da cabine os tripulantes com os seus assentos, que por sua vez contam com paraquedas para que a descida ao solo ocorra em segurança.
O comandante do jato é um piloto experiente e hábil. Em 2017, ele teve o melhor desempenho dentre os alunos num curso internacional ministrado na Joint Intelligence Trainning Group (JITG), instituição conjunta das Forças Armadas do Reino Unido, localizada em Chicksands, a aproximadamente 70Km de Londres, na Inglaterra. O treinamento era em técnicas de análise de imagens, sensores, força aérea, força naval, indústrias, força terrestre e operações de contingência. A turma contou com a participação de oito militares de diferentes países dentre eles a Geórgia, Coréia do Sul, Paquistão, Nigéria, Qatar, Egito e o Brasil. A média final dele de 9,42 (de um máximo de 10).
O A1-B é um caça-bombardeiro e aeronave de ataque ao solo, produzido em consórcio pela Embraer (Brasil) e Aermachi (Itália). O avião acidentado pertence ao Esquadrão Centauro, de Santa Maria (RS). Ele estava desde domingo em Canoas, como participante do exercício de combate aéreo "BVR" ("Beyond Visual Range", ou "Além do Alcance Visual", em inglês). A manobra ocorre até o dia 16 e conta com participação de aeronaves baseadas em Santa Maria, Manaus (AM), Anápolis (GO), Campo Grande (MS) e Rio de Janeiro (RJ). É o aprimoramento de pilotos, controladores e equipes em solo para missões de combate, centradas em simulações de ataque e defesa de mísseis. Participam aviões de combate F-5M e A-1M (modelo do que caiu), o avião-radar E-99, a aeronave de reconhecimento R-35, o avião KC-130 (encarregado de fazer o reabastecimento em pleno voo para outras aeronaves) e o helicóptero H-36 Caracal (busca e salvamento).