Surpreendida com a quantidade de pessoas que se aglomeraram na Cidade Baixa, em Porto Alegre, na noite de domingo (3), a Brigada Militar promete aumentar as ações para evitar novos tumultos no bairro. O comandante do 9º Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Luciano Moritz, afirma que a região terá "um olhar mais atento às questões de aglomerações e eventos não autorizados" – com a realização de barreiras na tentativa de coibir que haja bloqueio das vias por parte de quem estiver na rua após o horário permitido.
— Vamos antecipar as ações para evitar o emprego do Batalhão de Choque. Se agrupar-se depois das 22h, vamos interagir. Se não resolver, vamos para ação enérgica, a fim de devolver a tranquilidade para o bairro — explicou.
Moritz ressalta que o evento da noite de domingo não estava previsto e que sequer foi autorizado pela prefeitura da Capital. O comandante pondera que havia policiamento na região, mas "não na dimensão que o evento acabou tomando".
Inúmeros moradores ligaram para o 190, reclamando da baderna causada pelos frequentadores. Nos chamados ao telefone de emergência, houve relatos de pessoas penduradas em marquises de prédios, além de portas e grades sendo atacadas.
— Não é uma questão de cultura o que aconteceu ontem. O pessoal que permaneceu ali, depois das 22h, não eram famílias. Eram bondes, facções criminosas, usuários de drogas e pessoas usando álcool ao seu extremo — afirmou, ponderando que não se tratava da maioria dos participantes, mas dos que permaneceram com a importunação madrugada a dentro.
Viaturas foram enviadas ao local, mas os policiais não conseguiram dispersar o grupo, que inclusive teria reagido de forma violenta, segundo o comandante. Sem conseguir um acordo, o Batalhão de Choque interveio – foi quando houve confronto, inclusive com uso de bomba de efeito moral.
A manhã desta segunda-feira (4) foi de limpeza de calçadas e fachadas dos comércios, que amanheceram com forte cheiro de urina, além de copos de plástico e muitos cacos de vidros de garrafas de bebidas alcoólicas quebradas pelo chão. A Secretaria dos Serviços Urbanos destacou 20 garis para trabalhar no entorno das ruas da República, João Alfredo e do Largo Zumbi dos Palmares. Segundo a prefeitura, esse costuma ser o efetivo destacado para atuar em toda a região.
O Executivo afirma que tomou todas as medidas possíveis, realizando reuniões com representantes de blocos de Carnaval, moradores e comerciantes da região. Em nota, a prefeitura diz ainda que três novas câmeras de monitoramento foram instaladas para auxiliar na segurança do bairro.
Confira a nota da prefeitura de Porto Alegre:
A Prefeitura de Porto Alegre esclarece que tomou todas as medidas possíveis. Reuniu-se com representantes dos blocos, moradores e comerciantes da região para regulamentar o Carnaval de Rua da Cidade Baixa.
Determinou horários e condutas. Além disso, instalou novos equipamentos para auxiliar na segurança do bairro. Foram três novas câmeras de monitoramento instaladas em pontos estratégicos. Elas ficam na João Alfredo e José do Patrocínio. As imagens são monitoradas pela Central de Operações da Guarda Municipal. Também foi montada uma operação de policiamento ostensivo, pela Guarda Municipal, que realiza patrulhamento em pontos fixos do bairro, contando com 40 agentes de forma direta e indireta.
Os agentes reforçam o patrulhamento na Orla do Guaíba, outro ponto de reunião de foliões e blocos de carnaval na Capital. Através de forte divulgação, foi divulga o telefone 156 para informar sobre ocorrência. As imagens das câmaras podem ser acessadas pela Brigada Militar. O que ocorreu ontem à noite necessitou a pronta ação da BM que dissolveu o grupo que não estava cumprindo às regras.