Um grupo que participava de uma festa na Rua da República, no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, foi dispersado pela Brigada Militar na madrugada desta segunda-feira (4). As pessoas estavam concentradas nas ruas José do Patrocínio, República e Lima e Silva, nas proximidades da Avenida João Pessoa. Segundo moradores, estariam causando distúrbios na região.
Conforme a BM, parte dos frequentadores jogou pedras na guarnição na primeira tentativa de dispersão, quando policiais foram ao local para negociar a saída das pessoas da rua. Como não houve êxito, foi solicitado reforço do Batalhão de Choque, que chegou a usar uma bomba de efeito moral. Não há informação de feridos.
— O evento não era autorizado pela prefeitura, se formou "do nada". Agimos para devolver a tranquilidade aos moradores, que ligavam de forma simultânea para o 190, tamanha a barulheira. Alguns frequentadores depredaram marquises e quebraram portas, pareciam bichos. Como não houve diálogo por parte deles, chamamos o Batalhão de Choque para dispersar. Eles desconsideraram e agimos à altura do que a comunidade precisava — disse o tenente-coronel Luciano Moritz, comandante do 9º BPM.
— Todo mundo estava curtindo e eles (policiais) jogaram gás lacrimogêneo. Foi horrível. Todo mundo saiu correndo, estragou o Carnaval de todo mundo. Sendo que a gente veio curtir e ninguém conseguiu aproveitar por causa disso — rebateu a frequentadora Vanessa Brum.
Responsável por cuidar de um bar na Rua da República, Eduardo Dias, 55 anos, presenciou o confronto. Após fechar o estabelecimento à 1h15min, no horário determinado pela prefeitura, ele afirma que não conseguiu dormir devido ao barulho.
— Passou a viatura e deu para ouvir as bombas, com todo mundo correndo em direção à Redenção — conta.
No início da manhã, por volta das 6h, ainda havia grupos reunidos no bairro. Vias como República, João Alfredo e João Pessoa estavam tomadas por cacos de vidro. Morador da José do Patrocínio há 60 anos, o aposentado Luís Eduardo repetia o que afirma ser o rito de todas as manhãs.
— Eu fecho o portão à noite e, no outro dia, jogo uns baldes de água na entrada da garagem e terra em cima das fezes — explica.
— Não sou contra o Carnaval, sou contra as pichações e o fato de não ter equipes para limpar depois. Sempre somos nós moradores que lavamos — conta a aposentada Lúcia Thomas, 57 anos, que mora há 30 anos na José do Patrocínio.