O Bar Timbuka, na Vila Assunção, virou referência para se chegar à região com uma das vistas mais bonitas da orla de Porto Alegre. A região às margens da Avenida Guaíba tem inegável potencial turístico, com piers e atracadores para embarcações instalados nas proximidades. Porém, o trecho de 250 metros teve, nos últimos anos, pouco ou quase nenhum investimento em melhorias.
A prefeitura promete mudar essa realidade, com uma proposta que já está pronta e é classificada como "banco de projetos da orla", como define a coordenadora das áreas verdes da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e da Sustentabilidade (Smams), Gabriela de Azevedo Moura.
- Nossa gestão tem um olhar bastante especial para a orla. Com recursos que temos, vamos avançar em trechinhos, quando vem recurso a gente vai e faz. E essa área (do Timbuka) é muito querida, com trecho visual fantástico, que tem que ser preservado - reforça.
O projeto contempla a recuperação dos muros e das escadas que dão acesso à beira do rio e instalação de duplicação do passeio. Também serão instalados bancos com encosto, lixeiras e equipamentos de ginástica, demanda dos moradores do bairro, segundo a prefeitura. Há preocupação em não obstruir o acesso à beira do rio, por isso, a construção de qualquer estrutura fixa está descartada.
- Se a gente monta um restaurante, por exemplo, no inverno ele perece. Para isso, imaginamos que estruturas temporárias possam atender as demandas que existam - afirma Gabriela ao detalhar que testes deverão ser realizados em Ipanema nos próximos meses, com bases para alocação de comércios móveis, como food trucks.
Também estão previstas melhorias na Praça Araguaia, em frente ao miradouro. O local tem passeio de saibro e vai ganhar uma área pavimentada para circulação. A promessa é que novos bancos e lixeiras sejam instalados.
O custo estimado é de R$ 500 mil. A prefeitura não garante que a reforma seja feita este ano, mas considera que há "boas perspectivas" e que o projeto é prioritário caso entrem novos recursos.
Em 2011, revitalização foi criticada
No governo de José Fortunati, foi feita a primeira remodelação do espaço. O alicerce do bar virou um mirante, e o entorno recebeu um passeio de concreto, bancos e lixeiras. O investimento foi de R$ 35 mil, e o projeto foi criticado pela simplicidade. Procurado, o ex-prefeito afirma que os moradores foram contra uma revitalização maior na época, e que também não havia recurso para algo mais ousado:
- Houve conflito com os moradores do entorno, que não aceitaram qualquer tipo de revitalização, com usuários que desejam a revitalização. Fizemos com o que tínhamos de recursos à época.
Moradores reclamam da falta de manutenção
O que se vê hoje no local são bancos velhos de madeira, sem encosto, sem pintura, apodrecendo. As poucas lixeiras, por vezes, estão quebradas. Alvo de constantes ataques de pichadores, o mirante foi pintado na última semana. Na praça, o mato alto tomava conta, o que dificultava o uso por quem passava pelo local, mas a capina foi feita nesta semana.
- É o lugar mais lindo de Porto Alegre. Precisa melhorar em paisagismo e nos passeios. O rio, pena que é poluído, mas tendo paisagismo e passeio, não precisa mais nada - afirma a aposentada Ana Teresa Rangel, 62 anos.
Sentado em uma das escadas, o engenheiro Luiz Felipe de Longhi Júnior, 36 anos, acredita que o espaço poderia ter exploração comercial.
- Eu acho bem agradável esta região. Poderia haver melhor manutenção de corte de grama e das calçadas, que são irregulares. Melhor se houvesse um padrão e até um comércio, respeitando os recuos da beira do rio.
O funcionário público Fernando dos Santos, 57 anos, frequentava o Timbuka no tempo em que ele animava as noites da zona sul – e causava dor de cabeça a alguns moradores.
- Na época, o Timbuka foi importante, mas acho que hoje dá para melhorar a região sem que se precise de um bar.
Destruição do Timbuka
O Bar Timbuka foi construído e destruído em meio a polêmicas. Ocupando uma área de preservação permanente junto ao Guaíba, o estabelecimento não possuía alvará de funcionamento, além de utilizar ligações clandestinas de água e despejar os dejetos diretamente no rio.
Após batalha judicial, o prédio veio abaixo em 2008. De mãos dadas, frequentadores acompanharam o trabalho das máquinas que derrubaram a estrutura.