O saudoso Timbuka era um monstrengo de concreto em frente ao Guaíba. Reconheço que aquele boteco à beira da praia, no ponto mais charmoso da Vila Assunção, não contribuía em nada para a paisagem, mas pelo menos eu e meus amigos conseguíamos frequentar aquela nesga de orla.
Digo isso porque, vocês sabem, orla para frequentar em Porto Alegre é coisa rara, ainda que a cidade seja banhada por um rio – ou lago, ou estuário, não vem ao caso aqui.
Pois o Timbuka foi demolido em 2008. A vizinhança se incomodava com a barulheira, queria um espaço para contemplação. Justo. Só que nove anos depois está difícil contemplar qualquer coisa. O mirante mixuruca que a prefeitura enjambrou é um paraíso de pichadores. E o entorno do mirante virou um mato abandonado.
– As pessoas evitam ficar ali porque, além de perigoso, não tem como enxergar o pôr do sol – lamenta o morador Alexandre Leite, 46 anos.
Nos tempos do Timbuka, o seu Sergio, dono do bar, dava um jeito de manter transitável aquela área. Por isso sugiro ao prefeito Marchezan, um entusiasta da iniciativa privada, que leve um novo Timbuka à Vila Assunção – desta vez com fachada envidraçada, integrada à paisagem, respeitando os horários que os vizinhos prezam.
Mas que tire a orla das mãos da prefeitura.
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