O Conselho Municipal de Transportes Urbanos (Comtu) aprovou, na manhã desta quinta-feira (21), o reajuste da passagem de ônibus de Porto Alegre de R$ 4,30 para R$ 4,70. O valor da passagem nas lotações deve ficar em R$ 6,60. A proposta deve ser encaminhada ainda nesta quinta para a sanção do prefeito Nelson Marchezan, que irá determinar quando a nova tarifa entra em vigor.
Duas propostas foram apresentadas pela Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) durante o encontro, que teve início às 10h. A primeira fixava o valor em R$ 4,75, enquanto a segunda, que levou em consideração um incremento da arrecadação em razão do fim da isenção para idosos entre 60 e 64 anos e previa R$ 4,70. Os dois relatórios foram aprovados por 13 votos a 3 (oposição composta por União Metropolitana dos Estudantes Secundários de Porto Alegre (Umespa), Federação dos Trabalhadores Aposentados e Pensionistas do Estado do Rio Grande do Sul (Fetapergs) e Central Única dos Trabalhadores (CUT)).
O cálculo do reajuste da tarifa de ônibus leva em consideração os custos do serviço divididos pelo número de usuários pagantes. Nos últimos anos, a queda de usuários tem estado entre os principais fatores que encarecem a passagem na Capital. Neste ano não foi diferente: a redução de passageiros acarretou um incremento de R$ 0,20 dos R$ 0,40 segundo a EPTC — a empresa argumenta que o fim da segunda passagem gratuita colaborou para que o peso desse item não tivesse sido ainda maior, R$ 0,46.
—Nenhum aumento é salutar. Há nacionalmente uma série de discussões, inclusive, de outras formas de subsídio (para o transporte coletivo). Mas a gente sabe que tem questões de segurança e de qualidade que também influenciam (na queda de usuários). A gente vai fazer tudo o que puder para melhor o serviço — disse o diretor-presidente da EPTC, Marcelo Soletti, que informou que 80 novos ônibus da Carris devem começar a circular na Capital.
A discussão sobre novas formas de subsídio para o sistema, que na Capital é custeado exclusivamente pelos usuários, surgiu em pelo menos duas ocasiões: nas falas do representante da Uampa, Pedro Dias, e na declaração de voto do representante da Associação dos Transportadores de Passageiros de Porto Alegre (ATP), Gustavo Simionovschi:
—Temos uma unanimidade: ninguém quer tarifa alta. A gente sabe que isso afasta o cliente. A tarifa estaria entre R$ 3 e R$ 3,20 se tivesse outro subsídio para as isenções.
Uma das únicas vozes contrárias aos relatórios, a CUT tentou pedir vistas do documento, o que poderia adiar a decisão do Comtu em 24 horas. A solicitação, no entanto, foi rejeitada pelos conselheiros. A entidade entregou ao presidente do conselho, Jaires Maciel, um calhamaço de folhas com mais de 30 mil assinaturas contrárias à nova tarifa recolhidas por estudantes da UFRGS.
—Nós somos contrários ao aumento. Os números apresentados pela EPTC são conflitantes. Nenhuma categoria ganhou 9,3% de aumento. Tínhamos de ter mais tempo para analisar o relatório — disse o representante da CUT, Paulo Roberto Rocha, que, em sua fala, mencionou um estudo do Dieese que aponta que a tarifa na Capital teria subido mais que o dobro da inflação nos últimos 25 anos.