Todos os dias, às 5h45min, os amigos Raquel, Arides e Evanir caminham juntos até a parada da Avenida José Bonifácio, na região central de Porto Alegre. O trio adotou a medida para enfrentar os poucos – mas temerosos – minutos até a chegada da linha T5. A insegurança de esperar o transporte no ponto que fica na Redenção se tornou maior desde que os postes no entorno do parque deixaram de iluminar a área.
– A gente tem até mais medo, porque tem luz na parada, mas ao redor, não. Dá para saber quem está aqui, mas nós não sabemos quem está vindo – conta Raquel da Silveira, 40 anos, antes de embarcar no ônibus rumo ao Hospital Mãe de Deus.
O problema se estende por quase toda a José Bonifácio: desde a Avenida Osvaldo Aranha até a Avenida João Pessoa. Moradora da região, a engenheira Juciele Zílio, 35 anos, afirma que o local está sem energia desde o mês passado:
– Não sei o motivo. Vizinhos já procuraram a prefeitura, mas ninguém fez nada. Dá muito medo andar aqui.
Antes de amanhecer, o traçado ao lado da Redenção fica ocupado apenas por moradores de rua. Pedestres evitam a área e recorrem às avenidas mais iluminadas das proximidades, como a Venâncio Aires.
– No inverno vai ficar pior. Tenho medo. Já vi gente usando droga e até fazendo sexo no escuro do parque – conta a auxiliar de enfermagem Elisiane Marques Correa, 47 anos.
Escuridão que assusta também os alunos do Colégio Militar, bem no meio da quadra afetada pela falta de luz.
– Não existe segurança. É bastante complicado. Venho cedo trazer meu filho no Colégio Militar – conta o comerciante Anilton Cruz, 52 anos.
A prefeitura afirma que houve um problema na rede de média tensão, no quadrilátero próximo ao Auditório Araújo Vianna, afetando o abastecimento na região do parque. Segundo o Executivo, uma empresa especializada em consertos de alta complexidade já foi contratada e deve iniciar os reparos nesta semana.
No outro extremo da Redenção, próximo à Faculdade de Direito da UFRGS, as faixas da Avenida Loureiro da Silva são iluminadas pelos semáforos e pelos faróis dos veículos. Uma sequência de postes do Viaduto Dona Leopoldina também vive do breu. O mesmo ocorre na Mariante, sobre a Protásio Alves, no sentido ao Parcão.