O colorido dos fogos rasgando a escuridão do céu porto-alegrense indicava que 2019 havia chegado. E de maneira arrebatadora. Milhares de pessoas olhavam admiradas, a partir da orla, o show pirotécnico sobre as águas do Guaíba. Com a festa da virada, que voltou a ocorrer depois de dois anos na Capital, veio todas aquelas realizações que a data sugere que sejam desejadas uns aos outros. A prefeitura estima que 140 mil pessoas tenham passado pelo local.
— Eu quero para mim e para as pessoas que eu gosto paz e saúde. Tendo isso, o resto a gente consegue batalhando — disse Carla Guimarães, 32 anos, engenheira que escolheu a tradicional roupa branca para recepcionar 2019.
Foram 10 minutos de fogos subindo de uma balsa posicionada no Guaíba, diante da Usina do Gasômetro. O barulho foi menor em relação a outros anos, para satisfação de quem trabalha em defesa dos animais, como Paulo Fonseca, 54 anos, voluntário em uma ONG de proteção em Canoas.
— A festa está muito bonita. A escolha por fogos mais silenciosos foi de muito bom tom. Tem que dar parabéns para a prefeitura. Valeu a pena ter vindo até aqui — comentou.
Antes do show pirotécnico, os olhares estavam voltados para o palco de 140 metros quadrados montado na frente do restaurante panorâmico. Lá, a festa começou às 19h30min com DJ. As atrações seguiriam até as 2h com a dupla sertaneja Marcelo e Vanutti, Kadinho e Banda e Papas da Língua.
Os artistas só não ganharam a atenção dos assadores, que se desdobravam para encontrar o ponto da carne nas churrasqueiras. Dezenas delas estavam espalhadas pelos gramados emanando cheiro tentador. Isopores abrigavam os líquidos, que vão de refrigerante a espumantes. Em meio a tudo isso, toalhas e lençóis abertos sobre a grama faziam as vezes de cama para casais, crianças ou famílias inteiras. O importante era ter um local aconchegante para aguentar a festa e esticar as pernas. Quem tinha, levou sua cadeira dobrável e sentou em círculo para começar 2019 com a conversa em dia:
— Estávamos receosos em vir para cá. Queríamos passar a virada na orla, mas estávamos com medo da falta de segurança. Acertamos em vir, pois está bem seguro — avaliou Paula Casarim, 23 anos, sentada em círculo entre oito amigos.
A beleza que marcou a festa de Réveillon na Orla Moacyr Scliar deu lugar, no final da madrugada, a cenas de muito lixo espalhado e garrafas de vidro quebradas. O cenário do amanhecer mostrou que os 25 tonéis e mais de 30 contêineres instalados para descarte de lixo não foram suficientes.