Depois de dois anos sem festa, o Réveillon de Porto Alegre retorna na noite deste dia 31, conduzindo ao ano vindouro as cerca de 100 mil pessoas que devem estar na Orla Moacyr Scliar, como estima a prefeitura.
O evento terá um destaque: a queima de fogos mais silenciosa. As baterias de tiro — que costumam causar os estouros — não serão utilizadas. Assim, a barulheira da queima de fogos que assusta animais e perturba quem precisa descansar dará lugar apenas ao ruídos de propulsão do dispositivo (e no momento em que o artefato deflagra a exibição de luzes no céu).
— Queima totalmente sem barulho não existe, mas essa é a opção mais próxima. Não terão aqueles estouros, somente o som do lançamento dos foguetes. Esse tipo de pirotecnia está se tornando uma tendência. É muito menos agressivo, em se tratando de poluição sonora — explica o secretário municipal de Cultura, Luciano Alabarse.
Logo que a administração da Capital resolveu retomar a ideia de organizar a virada do ano às margens do Guaíba, o secretário recorda que diversas entidades se manifestaram, preocupadas com o barulho da queima dos fogos. Alabarse conta que o diálogo com esses grupos foi importante para achar uma opção que não tirasse "o brilho da festa".
— Todos os atos públicos acabam gerando algum atrito. Sempre tem um contraponto. Então, temos que procurar achar uma saída que seja boa para ambos. Nesse caso, mantemos a queima, mas conseguimos diminuir bastante a questão do barulho — relaciona Alabarse.
Tendência
A empresa contratada para comandar a queima de fogos no Réveillon de Porto Alegre é a mesma responsável pela festa em Copacabana, no Rio de Janeiro. Lá, 10 balsas posicionadas no mar disparam os foguetes. Aqui, os fogos de artifício sairão de uma balsa posicionada no Guaíba, a 350 metros da orla. Segundo a Secretaria da Cultura, serão queimadas duas toneladas de fogos.
— Mesmo sendo somente 10 minutos no ano, os estampidos estão saindo de moda. A tendência comercial no Brasil é cada vez mais utilizar esse método, causando menos incômodo para quem não gosta dos estouros — explica Leandro Orça, sócio-proprietário da Vision, empresa de pirotecnia responsável pelo show na Capital.
Além das festas de final de ano, a Vision, que tem sua sede em Santa Catarina, foi responsável por dois shows pirotécnicos importantes na memória de gremistas e colorados. Foi a companhia que organizou as queimas de fogos na reinauguração do Beira-Rio, em 2014, e da Arena do Grêmio, em 2012. O sócio-proprietário recorda que, a época, já foram usados artefatos que não causavam tantos estouros.
Leandro salienta a importância de dizer que queima não é totalmente silenciosa. O que é feito, na verdade, é o uso apenas de fogos que tem como objetivo serem luminosos:
— Uma queima normal tem esses luminosos e as baterias de tiro, que causam os estouros. O que está se tornando tendência é a retirada das baterias de tiro e dos rojões, por exemplo.
O show pirotécnico da virada do ano na Orla do Guaíba não terá custo para a prefeitura. A queima foi bancada por um patrocinador. A situação chegou a causar polêmica depois que uma faixa da marca que apoiou o evento foi estendida na chaminé da Usina do Gasômetro. A ação foi feita sem a autorização do Instituto do Patrimônio Histórico (Iphae). O secretário de Cultura afirmou, na tarde deste domingo (30), que não sabia da necessidade de autorização. E na tarde desta segunda (31), o prefeito Nelson Marchezan disse, em entrevista à Rádio Gaúcha, que se fosse necessário, pediria desculpas até para a chaminé.