A prefeitura de Porto Alegre demonstra disposição em transferir a estátua do Laçador. O município informa que está estudando todas as sugestões apresentadas como opção para abrigar o monumento, até tomar uma decisão nos próximos meses.
Por meio de nota, a assessoria de comunicação do prefeito Nelson Marchezan afirma que dois pré-requisitos estão sendo considerados na análise de todos os possíveis endereços: segurança e acessibilidade. Hoje, a avaliação de Marchezan é de que o Sítio do Laçador não contempla adequadamente esses quesitos.
Entre os destinos mais discutidos, encontram-se áreas como os parques da Redenção e Maurício Sirotsky Sobrinho (Harmonia), a orla do Guaíba e o centro da cidade. Também se sugeriu a transferência para uma das ilhas do Guaíba, o que poderia representar o surgimento de uma nova área turística, mas que afastaria ainda mais o Laçador do grande público — uma das queixas em relação à localização atual.
Vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado (Sinduscon), Zalmir Chwatzmann, coordenador do projeto Construção Cultural, concorda que hoje o entorno da estátua não faz jus à relevância do símbolo do gauchismo. Mas o responsável pelo programa que permitirá a reforma do monumento a um custo de RS 750 mil sustenta que a transferência não é a única saída possível.
— Quando um problema parece ter apenas uma solução, no mínimo não estamos sendo criativos. Se encontrarmos alguma forma de investimento que dê à estátua a dignidade que ela merece no lugar onde está hoje, por que não? Ela foi instalada ali depois de muitos estudos — pondera Chwatzmann.
Doutor em História da Arte e autor do livro A Escultura Pública de Porto Alegre, José Francisco Alves diz que, em princípio, não vê motivo para a transferência do Laçador, mas não se opõe à discussão sobre uma eventual remoção. Para o especialista, o mais importante é que o debate público seja sustentado por argumentos sensatos, em vez de reproduzir polarizações que ocorrem em outras esferas.
— A estátua não é propriedade de nenhum movimento, culto ou partido. Isso teremos de resolver com calma, e cabe à prefeitura de Porto Alegre a condução desse processo de discussão — afirma Alves.
O Sinduscon deverá apresentar o projeto de recuperação do monumento até o final deste mês, e o trabalho deverá ser realizado no segundo semestre — enquanto se desenrola o debate sobre onde o símbolo do gauchismo vai se instalar.