Familiares do escultor e do modelo responsáveis por eternizar a figura do gaúcho na Estátua do Laçador, em Porto Alegre, concordam em rediscutir a localização do monumento que voltou a despertar polêmica na cidade. Descendentes do autor da obra, Antônio Caringi, e do tradicionalista Paixão Côrtes, modelo para o artista, admitem que um dos símbolos da cidade seja aquerenciado em outro lugar depois de ser removida para restauração, no segundo semestre deste ano.
Nos últimos dias, a localização do Laçador voltou a gerar debate após o tema ser discutido em colunas de Tulio Milman e da seção Almanaque Gaúcho, em GaúchaZH. Leitores e internautas se dividem entre manter a obra onde está ou deslocá-la para um ponto que garanta maior frequência de público e visibilidade do que nas proximidades do aeroporto Salgado Filho.
A principal preocupação da viúva de Paixão, Marina Monteiro Paixão Côrtes, e do filho Carlos Paixão Côrtes é que a obra seja preservada e exibida em um entorno que valorize o portento de 4,4 metros de altura e 3,8 toneladas.
— O Paixão Côrtes não falava sobre tirar daquele local ou não. Ele se preocupava era com o mau estado do lugar e a preservação da obra. Se mudarem, o importante é que fique em uma área decente — diz Marina.
O filho, Carlos, também concorda que o tema seja novamente colocado em discussão. Ele prefere não dar sua opinião sobre onde deveria ficar a estátua — importa-se apenas que a atração tenha fácil acesso para o público e seja vista como ponto de referência. Isso poderia ser alcançado por meio de melhorias no endereço atual ou, segundo avaliações técnicas, em outra área pública da Capital.
— É ótimo que as pessoas tenham visões diferentes e estejam discutindo isso. Só acho que não deveria se decidir por meio de enquete ou consulta popular. É importante que técnicos e urbanistas analisem o caso e cheguem à melhor solução — pondera Carlos.
Neta do escultor Antônio Caringi e moradora de Porto Alegre, a relações públicas Manuela Caringi Turnes, 41 anos, afirma que gostou quando o atual Sítio do Laçador foi construído para receber a obra do avô — com mais espaço e infraestrutura do que o ponto anterior onde hoje se encontra o Viaduto Leonel Brizola. Mas ela entende que o Laçador acabou perdendo visibilidade e poderia seguir outro rumo depois da recuperação estrutural proporcionada pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon).
— Amigos que vêm de fora me perguntam onde fica a estátua, porque não conseguem vê-la quando desembarcam na cidade. A Redenção ou a orla seriam bons lugares para receber a obra, mas eu sugeriria ainda o Parque da Harmonia, onde poderia ser construído um espaço enaltecendo a tradição — afirma Manuela.
A prefeitura de Porto Alegre informa que "está estudando todas as sugestões recebidas para transferência da Estátua do Laçador". O Sinduscon garante que a reforma da obra será realizada no segundo semestre de forma paralela às discussões sobre a futura localização porque a recuperação da estrutura não pode esperar.
— Vamos apresentar o projeto de recuperação até o final deste mês. Nossa posição é de que precisamos primeiro recuperar a estátua. Enquanto isso vai se discutindo onde ela vai ficar — afirma o vice-presidente da entidade e coordenador do projeto Construção Cultural do Sinduscon, Zalmir Chwartzmann.