Porto Alegre termina o ano de 2018 com o menor número de mortes em acidentes de trânsito dos últimos 21 anos. Em comparação a média dos 10 anos anteriores (de 2008 a 2017), o número é 41,3% menor. São 74 mortes em comparação a uma média de 126 mortes anuais nesse período.
Se comparado à média da década anterior, de 1998 a 2007, a redução é ainda maior. Naquele período, foram 167 mortes ao ano. O índice de 2018 é 55,7% menor.
As estatísticas vêm diminuindo ao longo de duas décadas, conforme dados da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC). Desde 2016, o número de mortes em acidentes não passou de uma centena.
Essa diminuição gradativa no número de acidentes fatais está fazendo com que Porto Alegre alcance a meta de redução de mortes no trânsito estipulada pela Organização das Nações Unidas. Segundo a ONU, em 2018, a capital gaúcha deveria registrar até 91 vítimas fatais em acidentes. Até 2020, o limite máximo estipulado pela organização é de 76 mortes.
O fato é comemorado pelas autoridades de trânsito, já que, em 21 anos, o número de carros nas ruas aumentou, além do uso de meios de transporte mais econômicos, como motocicletas e bicicletas – o que poderia levar, também, a um aumento de acidentes fatais.
Educação e mudança de cultura
Ações educativas e a mudança de hábitos de motoristas têm contribuído para que o trânsito da Capital termine o ano com boas notícias. Em 2018, a EPTC realizou mais de 600 ações voltadas para a educação e a mobilidade urbana, atingindo mais de 54 mil pessoas. Os projetos são realizados em escolas, empresas e instituições públicas, além da promoção de cursos para os perfis que aparecem no topo da lista de vítimas fatais em acidentes, que são crianças, idosos, motociclistas e ciclistas.
— Quanto mais esse número baixa, mais difícil fica. Esse resultado não é a qualquer custo. Vale investir na mudança cultural das pessoas, com educação, do que só dar multas. A multa, esse ano, até reduziu. Não é como se diz, aquela coisa de que é porque estamos multando mais. Essa redução de mortes é uma conquista para toda a cidade, mostra que a gente consegue salvar vidas — explica o diretor de operações da EPTC, Fábio Berwanger.
Trabalho de campo
Além de campanhas educativas em datas como os dias do Ciclista, Motociclista, Taxista, entre outros, algumas mudanças feitas nas ruas da Capital também foram voltadas para a redução da acidentalidade ao longo do ano. Seis cruzamentos de Porto Alegre possuem uma área destinada especificamente para que as motos sejam vistas pelos demais veículos – os chamados bolsões. O projeto ainda está em fase de testes, mas vem recebendo retorno positivo dos motoqueiros.
A prefeitura também fez melhorias na sinalização para pedestres da Avenida Osvaldo Aranha, uma das vias com maior número de atropelamentos na Capital.
Para o início de 2019, a EPTC planeja colocar o foco na diminuição do número de acidentes com motociclistas em Porto Alegre. Além disso, está em estudo um projeto para tentar coibir o excesso de velocidade nas ruas da Capital em parceria com a Polícia Civil gaúcha.
— O cara que está ali correndo de moto, que tu vê passando com a moto rajando, com o cano aberto, esse cara é o que, depois de amanhã, vai bater em um caminhão, em um poste, que vai se perder e que vai morrer. Então é esse que a gente tem que tratar. A gente só chega nele por blitz ou por educação. A blitz é o melhor jeito, porque tu para o cara, conversa, orienta. Não tem outro jeito da gente salvar mais vidas se não for com esse contato direto. Educação, fiscalização e engenharia são o tripé para reduzir os números — afirma Berwanger.
Confira abaixo o levantamento com o número total de mortes em acidentes de trânsito na Capital desde 1998:
- 1998 – 199
- 1999 – 197
- 2000 – 163
- 2001 – 139
- 2002 – 156
- 2003 – 170
- 2004 – 173
- 2005 – 161
- 2006 – 157
- 2007 – 155
- 2008 – 148
- 2009 – 170
- 2010 – 143
- 2011 – 146
- 2012 – 105
- 2013 – 127
- 2014 – 141
- 2015 – 100
- 2016 – 92
- 2017 – 90
- 2018 – 74*
- *Dado até o dia 28 de dezembro de 2018