Nos dias 15 e 16 de março, Porto Alegre voltará a ter desfiles de escolas de samba no Complexo Cultural do Porto Seco, na Zona Norte. Cancelado no ano passado, o evento deste ano contará com seis escolas da Série Ouro (antigo Grupo Especial) e oito da Série Prata. Ainda desfilam uma escola do Grupo Bronze e uma tribo carnavalesca. A passagem pela avenida será mista, ou seja, escolas dos dois grupos desfilarão de forma intercalada durante os dois dias. Assim, a ideia é atrair público durante todo o evento.
Sem dinheiro da prefeitura — que deve auxiliar apenas com serviços básicos, como a capina e a limpeza do Porto Seco, além da fiscalização do trânsito no dia do evento —, o Carnaval 2019 tem como ideal levar a comunidade novamente para junto das escolas. A Liga Independente das Escolas de Samba de Porto Alegre (Liespa), entidade normalmente responsável pelo evento, não será a organizadora.
— Estava se desenhando o mesmo cenário de 2018, onde a Liespa e as escolas ficaram esperando surgir um negócio que viabilizasse o Carnaval. Não queremos que se repita o cancelamento, então, decidimos desfilar a qualquer custo — explicou o presidente da Imperados do Samba, Érico Leotti, durante a entrevista coletiva do novo Carnaval, nesta quinta-feira (10).
O custeio da festa se dará basicamente pela venda dos 190 camarotes que serão montados no Porto Seco. Cada um terá área de 12 metros quadrados. A partir do dia 21 de janeiro, já poderão ser adquiridos os camarotes, que terão custo entre R$ 800 e R$ 1,5 mil com capacidade para até 18 pessoas. Os ingressos poderão ser comprados no campus da Universidade Anhanguera, no Centro Histórico. Ainda serão montadas arquibancadas com capacidade para 3,5 mil pessoas. Nesses locais, a entrada será gratuita.
— Vendendo todos os camarotes, conseguiremos montar a estrutura do evento, com som, iluminação, arquibancadas, os próprios camarotes e as cabines dos jurados, com um custo estimado de R$ 130 mil — projetou Leotti.
Mesmo competitivo, o desfile deste ano será mais econômico nas avaliações. Com o pouco tempo para produzir os carros alegóricos e falta de dinheiro para tal, este é um ponto que não será obrigatório. Cada um dos sete quesitos será avaliado por três jurados: bateria, harmonia musical, samba-enredo, tema-enredo, evolução e mestre-sala e porta-bandeira.
As oito escolas do Grupo Prata terão uma surpresa, a presença dos carros alegóricos. Como não desfilaram em 2017 por descumprimento do PPCI, quando já estavam com as alegorias prontas, as agremiações mantém as estruturas inéditas nos galpões do Porto Seco.
— Mesmo que não seja obrigatório, vamos colocar os carros na avenida, tirar esse peso das costas. Só assim, poderemos desmontar eles e começar a pensar no tema do próxima ano — disse o presidente da Unidos da Vila Mapa, Arlindo Mença, o Baia.
Mença também é presidente da União das Entidades Carnavalescas do Grupo de Acesso de Porto Alegre (UECGAPA), que deu o pontapé inicial no novo modelo do Carnaval. Já no fim do ano passado, as entidades membras da UECGAPA decidiram que o desfile iria ocorrer em 2019 de qualquer modo, sendo no Porto Seco ou não. Com as dificuldades da Liespa em conseguir financiamento privado para o evento, seis escolas da Série Ouro uniram-se às agremiações da UECGAPA.
— Não poderíamos esperar mais e ficar outro ano sem Carnaval. Vamos todos juntos para a avenida — acrescenta.
Pré-carnaval começa em janeiro
Para atrair a comunidade novamente para as quadras e para o desfile no Porto Seco, até março ocorrem eventos pré-carnavalescos na cidade. Estão previstos três encontros das escolas do grupo Ouro, sendo o primeiro dia 25 de janeiro, na quadra da Imperatriz Dona Leopoldina, quando também ocorrerá o sorteio dos desfiles. O segundo, no dia 22 de fevereiro, será na quadra dos Bambas da Orgia, e o terceiro, em 8 de março, na sede da Estado Maior da Restinga. O grupo Prata também terá seu encontro. É no dia 16 de fevereiro, na quadra da escola Copacabana, no bairro Bom Jesus.
As escolas também seguem com os ensaios nas suas quadras, uma forma de obter recursos para o desfile. Já as tradicionais descidas da Borges, no Centro, não serão realizadas por falta de recursos.
Quem desfila
Grupo Ouro
- Bambas da Orgia
- Imperadores do Samba
- Imperatriz Dona Leopoldina
- Estado Maior da Restinga
- União da Vila do IAPI
- Império da Zona Norte
Grupo Prata
- Praiana
- Samba Puro
- Império do Sol (São Leopoldo)
- Copacabana
- Realeza
- Unidos da Vila Mapa
- Unidos de Vila Isabel (Viamão)
- União da Tinga
Convidados
- Fidalgos e Aristocratas (Grupo Bronze)
- Os Comanches (tribo)