Com os olhos marejados, o soldado Luan Ribas Bazzan, 28 anos, reencontrou o bebê que ajudou a colocar no mundo em plena calçada da Rua Francisco Trein, na zona norte de Porto Alegre, na manhã desta sexta-feira (21).
O encontro ocorreu em um quarto do centro obstétrico, onde a haitiana Judith Fleurissaint Baguidy, 38 anos, e o filho Waldo, já descansavam após todos os exames serem feitos, e nenhum problema ser encontrado.
— Eu estava na hora e no lugar certo e fiz o que deveria ser feito. Mas me emociona muito ter podido ajudar — resumiu Bazzan.
O soldado tentou, pela segunda vez, conversar com Judith — que fala apenas o crioulo haitiano e entende quase nada de português, mas a comunicação ocorreu pelo olhar e pelo colo que pôde dar a Waldo.
— Obrigada — disse a tímida haitiana.
O marido, Waky Joseph, 33 anos, compreende francês e, com a ajuda do obstreta Nicolau Guedes, que arranha o idioma, contou que ele e a mulher desembarcaram no Brasil há dois anos. Na maior parte do tempo, o casal morou em Santa Catarina. Mudou-se há três meses para Porto Alegre.
— Viemos por trabalho. Queríamos uma vida melhor e somos muito felizes aqui — contou o pai de primeira viagem.
Joseph contou, ainda, que trabalha como padeiro e a mulher, como doméstica. Ambos enfrentaram um percurso de 40 minutos a pé para chegar ao hospital, mas duas quadras antes tiveram de parar: Waldo estava nascendo. Assim como o filho, que é calmo, disse que não ficou assustado durante o parto na calçada:
— Tranquilo, tranquilo.