Um dia depois da votação na Câmara na qual todos os vetos à Lei Geral dos Táxis foram rejeitados pelos vereadores, o assunto não poderia ser outro no ponto de táxi da Rodoviária, um dos maiores da Capital. A reportagem conversou na sexta-feira com taxistas do local sobre as alterações — a mais debatida delas, a troca da cor laranja dos veículos pelo branco. O assunto divide opiniões.
Entre os argumentos de quem aprova a troca de cor, está o custo-benefício. Ao comprar o carro, não será necessário mandar lixar e pintar, o que gera um custo em torno de R$ 2,5 mil para o proprietário do automóvel.
— É difícil para todo mundo comprar um carro. Então, se tu tens um carro branco e deseja ser taxista, é só colocar a faixa de identificação. Não precisa ter um custo adicional —considera Ronaldo Mello da Silva, 68 anos, há 40 como taxista.
Já quem defende a permanência da cor laranja destaca a identificação com os porto-alegrenses, a dificuldade de pessoas idosas em diferenciarem na rua táxis e carros de passeio, e principalmente, as questões de segurança.
Antônio Carlos Barbosa, o Giada, 69 anos, conta que está triste com a mudança. Para ele, o táxi de Porto Alegre é uma referência no mundo inteiro pela cor.
— Além das corridas que estamos perdendo para os aplicativos, nós também vamos perder mais por causa da cor. E ainda vamos perder a identidade dos nossos carros. Olha a quantidade de carro branco que tem em volta. O carro branco é como um carro qualquer diz, com tristeza.
Antônio já foi assaltado oito vezes em 40 anos de profissão. Em três delas, teve o carro roubado. Afirma que o automóvel foi recuperado rapidamente. Acredita ter sido pela cor, que é muito visada.
Ficha limpa
Outro aspecto que gerou polêmica no veto dos vereadores é o que trata dos crimes que não impedirão a atuação dos taxistas.
— Acho péssimo. Assim, qualquer um pode trabalhar sendo motorista. O passageiro não tem segurança nenhuma, não sabem com quem está andando. Tenho uma filha jovem e não gostaria de saber que ela entrou em um carro que um marginal pode estar dirigindo —contesta a taxista Adriana de Medeiros, 51 anos.
Para os motoristas, este será mais um motivo para as pessoas optarem pelos aplicativos.
— Para mim, é indiferente a cor. O mais importante é a ficha limpa. O que existia, deveria continuar. Os passageiros precisam ter certeza que andam com gente confiável, isso traz segurança — enfatiza João Luiz Santos, 50 anos.