Seis cruzamentos de Porto Alegre tem uma área destinada especialmente para as motos. Os chamados bolsões são espaços pintados no asfalto onde os motociclistas esperam o semáforo abrir à frente dos demais veículos. Eles dão preferência e facilitam no momento da largada.
A medida, implementada recentemente pela prefeitura, está sendo bem recebida pelos motociclistas que cruzam as vias.
— É bom para todos. As motos ficam todas juntas, não atrapalham os carros e eles não nos atrapalham — ressalta o motociclista Flávio da Silveira, 42 anos.
O trabalhador da construção civil Laurindo Medeiros, 38 anos, afirma que é uma ótima iniciativa. Com os bolsões, não há disputa entre motoristas e motociclistas no trânsito.
— Foi uma ótima iniciativa, achei show. Evita de a moto ser fechada pelos carros e também de o motociclista arrancar um espelho dos carros — diz Laurindo.
Já o motoboy, Bili Douglas Carvalho, 23 anos, afirma que, para ele, o bolsão não faz diferença.
— Ou os carros estão fechados e não tem como as motos chegarem até à frente, ou, estão em cima dessa faixa exclusiva para as motos — aponta.
Na segunda-feira (30), no cruzamento da Protásio Alves com a Antônio de Carvalho, a reportagem flagrou diversos carros em cima dos bolsões.
Iniciativa foi implantada em outras cidades
Segundo o diretor de Operações da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), Fabio Berwanger, a medida é de caráter experimental e autorizada pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran), já que não existe uma legislação específica no Código de Trânsito. A iniciativa já foi implementada em cidades como São Paulo, Brasília e Curitiba, onde houve uma redução de 20% a 30% nos acidentes que envolviam motociclistas.
— O objetivo é reduzir conflitos entre motos e carros e diminuir os acidentes que envolvam motociclistas — explica Berwanger.
Os critérios para a escolha dos cruzamentos foram o grande número de acidentes nesses pontos, onde há monitoramento por câmeras — para auxiliar no estudo —, ausência de ciclovias, ciclofaixas e faixas de ônibus, e vias com grande fluxo de carros.
Em Porto Alegre, até 2017, dos 835 mil veículos cadastrados, 94 mil são motos, o que presenta 11% da frota. Porém, 40% dos óbitos envolvem motociclistas. No primeiro semestre de 2018, dos 42 falecimentos no trânsito na Capital, 22 contaram com motos.
— É uma iniciativa de proteção para os motoristas. Toda medida que seja para tentar reduzir esses eventos, é válida — destaca o diretor da EPTC.
Demanda antiga
Os bolsões que dão preferência aos motociclistas são uma demanda antiga do Sindicato dos Motociclistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindimoto). Segundo a diretora do órgão, Gabriela Gonchoroski, a percepção dos trabalhadores nesta fase de implantação é positiva.
— O bolsão dá visibilidade ao motociclista e diminui o risco de acidentes na arrancada. Além disso, se ele sabe que terá a preferência quando o sinal abrir, não vai querer cruzar o sinal vermelho ou avançar no amarelo — diz.
Mas, para ela, ainda é preciso avançar na conscientização:
— Recebemos relatos de que muitos motoristas dos outros veículos não sabem do que se trata a pintura e não respeitam o espaço que deveria ser exclusivo dos motociclistas. Falta orientação e conscientização por parte da EPTC. Acreditamos que esta medida, com o tempo e com informações para todos, pode diminuir acidentes nos cruzamentos não só para motos, mas para todos os veículos.
O Sindimoto prepara, para as próximas semanas, ações de orientação nos cruzamentos que receberam a pintura especial.
A EPTC afirma que como ainda está na fase de implementação não foi feito uma comunicação oficial. Mas que agora em julho, em alusão ao mês dos motociclistas, foram feitas palestras, atividades educativas para os motoristas e há também uma campanha nas redes sociais para alertar.
Os locais
Já pintados:
Bento Gonçalves x Antônio de Carvalho
Protásio Alves x Antônio de Carvalho
Cavalhada x Eduardo Prado
Caso não chova, serão pintados e finalizados nesta semana:
Farrapos x Cairu
Goethe x Mostardeiro
Independência x Rua Garibaldi