Porto Alegre recebe neste final de semana a Copa dos Refugiados, que reúne 120 atletas de oito países: Angola, Colômbia, Guiné Bissau, Haiti, Líbano, Peru, Senegal e Venezuela. Os primeiros jogos foram realizados no Estádio Passo D'Areia, na manhã deste sábado (2). O torneio acontece no Brasil desde 2014 e essa é a segunda edição na capital gaúcha.
O ingresso custa R$ 10 e dá acesso aos dois dias de evento. As semifinais e a final serão realizadas no Estádio Beira-Rio, das 13h às 18h deste domingo, entre Senegal x Angola e Peru x Líbano.
Blas Pacheco, meia atacante da equipe da Venezuela, chegou ao Brasil em 2016, após uma viagem de ônibus que durou 24 horas.
— A gente que sai da Venezuela faz isso pela situação que o país vive, a crise que está acontecendo lá. É complicado, mais que um problema pessoal, é um problema social, econômico e político. Minha mãe e minhas duas irmãs, além da minha avó, ainda estão lá.
O venezuelano trabalha na empresa ThyssenKrupp e estuda Publicidade e Propaganda na UFRGS, onde ingressou pela cota especial de refugiados. Para o jovem de 23 anos, a Copa dos Refugiados proporcionou o sonho de jogar em grandes estádios, além de ser uma prova de que o brasileiro pode conviver com as diferenças.
— É uma ajuda para todos nós, um sonho jogar em um campo assim, no Zequinha, na Arena (do Grêmio, onde foi disputada a edição de 2017) ou no Gigante (Beira-Rio). Muitas pessoas falam do preconceito que tem no Brasil e do racismo que tem no Brasil, mas olha pra arquibancada, estamos juntos, misturados... é algo que todos nós temos que agradecer.
O torneio foi idealizado pela ONG África do Coração e organizado em conjunto com a Ponto, Agência de Inovação Social, a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e a Associação Antônio Vieira (ASAV).
O futebol une os refugiados e a Copa proporciona oportunidades de emprego: no site copadosrefugiados.com há um album de figurinhas dos atletas, com os dados pessoais e de contato, além de um minicurrículo para que eles possam ser inseridos no mercado de trabalho.
O Assistente Sênior de Informação Pública da ACNUR, Miguel Sgarbi Pachioni, explica que, no Brasil, há mais de 80 nacionalidades reconhecidas como em situação de refúgio. Ele ressalta que a competição proporciona que os refugiados criem vínculos de amizade, além de ajudá-los na busca por um emprego.
— Não é um campeonato de competição do tipo ganhar por ganhar, mas sim um processo de integração que a gente estimula, para que tenham relação entre eles. E também para que possam estabelecer vínculos entre si e com a sociedade brasileira.
As partidas de sábado
Senegal 2 x 0 Colômbia
Angola 4 x 1 Venezuela
Peru 2 x 0 Haiti
Líbano 1 x 1 Guiné Bissau - nos pênaltis, Líbano 5 x 4 Guiné Bissau