Correção: o número de 307 focos de lixo na Capital não se refere à soma de ocorrências verificadas pelo DMLU neste ano, mas ao total mapeado em junho. O aumento, portanto, foi de 6% em relação ao número verificado em dezembro de 2017. O texto foi corrigido.
Basta passar por um terreno baldio ou uma calçada menos utilizada em um bairro e perceber: depósitos de lixo irregulares estão cada vez mais evidentes em Porto Alegre.
Queixa frequente de usuários no aplicativo Pelas Ruas, entulho e resíduos deixados em lugar impróprio são um problema crescente. Levantamento do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) mostra que, no primeiro semestre de 2018, o número de focos crônicos de lixo nas ruas da Capital aumentou em relação ao ano passado. Em junho, há 307 pontos, contra os 289 locais mapeados no final de 2017.
Além de representar risco à saúde pública, o hábito de alguns porto-alegrenses custa caro à prefeitura. Em média, R$ 1,3 milhão mensal são gastos para limpar a sujeira nesses locais. Cerca de cem trabalhadores no total — a metade, garis — atuam diariamente na tarefa. O custo financeiro se soma ao ambiental, explica o secretário municipal de Serviços Urbanos, Ramiro Rosário:
— Pagamos por tonelada os resíduos. Então, é encaminhado para o aterro, em Minas do Leão, um resíduo que, às vezes, até poderia ser reaproveitado de outra forma. Como se contamina com o orgânico, ele não é levado para as unidades de triagem para que possa ser reaproveitado e reciclado.
GaúchaZH visitou quatro pontos na Capital que se tornaram depósitos de lixo clandestinos. Em todos eles, a cena é a mesma: aglomeram-se montes de restos de materiais de construção, além de muita caliça, garrafas de vidro e PET empilhadas, sacolas com lixo orgânico e vários pedaços de madeira. Móveis e até carcaças de veículos também foram encontrados. Na Rua Frederico Mentz, bairro Humaitá, uma equipe do DMLU recolhe sacolas acumuladas em frente a residências diariamente.
— A gente vem aqui todos os dias e, sempre que voltamos, está igual — disse um dos garis que limpavam a calçada.
A operação mobiliza seis funcionários: quatro garis e dois operadores dos caminhões. Ali, próximo à esquina com a Dona Teodora, há queixas dos vizinhos. Em 12 dias, cinco deles registraram o mesmo problema no Pelas Ruas. Outras regiões também sofrem. Na Rua Voluntários da Pátria, próximo à Rua Cairú, um terreno abandonado se transformou em pilhas e pilhas de entulhos. Próximo a um ginásio de esportes, a Rua A.P., no bairro Jardim do Salso, está praticamente tomada de lixo. No local, a prefeitura já identificou pelo menos 50 proprietários de veículos que foram até a região para despejar lixo. A Secretaria de Serviços Urbanos da Capital afirma, sem dar detalhes, que utiliza métodos específicos de tecnologia para realizar flagrantes e identificar pessoas que descartam lixo em locais impróprios.
Para o professor da Unisinos e doutor em Ciência dos Materiais Carlos Alberto Mendes Moraes, o depósito de lixo em áreas abertas vai além da questão cultural. Para ele, há falta de informação por parte dos órgãos públicos e também de conscientização das pessoas sobre o descarte correto de resíduos.
— Existem vários pontos de coleta. Por que as pessoas não levam nesses determinados lugares? Fazem isso caso tenham sido informadas sobre como devem proceder. Do contrário, é exigir demais da população que tome essa iniciativa. A questão da conscientização deve ser permanente — defende o engenheiro.
O lixo acumulado pelas ruas pode causar consequências diretas para a população, afetando o ambiente e causando enchentes e alagamentos em dias de chuva — cenários muito comuns em Porto Alegre. O professor também lembra que o resíduo reciclável jogado em locais impróprios poderia estar sendo manipulado por centenas de pessoas que trabalham em centros de triagem na Capital, que usam o lixo reciclável como fonte de sustento.
Onde descartar
Ecopontos
Nove Unidades de Destino Certo, ou ecopontos, recebem materiais como móveis, colchões, caliça, cerâmica, sucatas e eletrodomésticos, entre outros. Confira aqui.
Entrega de recicláveis
Para quem não quer esperar pela coleta seletiva, há 19 Postos de Entrega Voluntária de Resíduos Recicláveis. A lista pode ser conferida aqui.
Bota-fora
Em ações específicas, equipes do DMLU vão até os bairros para recolher resíduos volumosos, que vão de móveis a eletrodomésticos, entre outros. A programação é divulgada semanalmente no site da prefeitura.
Multas
De acordo com o Código Municipal de Limpeza Urbana, o descarte de lixo nas ruas de Porto Alegre prevê multa de R$ 361,26 até R$ 5.780,16, dependendo se a infração for leve ou gravíssima.
Para denunciar
Ligue 156.