Cerca de R$ 60 mil separam a equipe de robótica da Escola Municipal de Ensino Fundamental Heitor Villa Lobos, na Vila Mapa, bairro Lomba do Pinheiro, em Porto Alegre, do sonho de representar o Brasil no Robocup. O Campeonato Mundial de Robótica, em Montreal, no Canadá, ocorre daqui a 50 dias. Sem recursos financeiros para financiar a viagem, os cinco alunos e a professora Cristiane Pelisolli Cabral, coordenadora dos Lobóticos — como o grupo é identificado — lutam contra o tempo para arrecadarem o dinheiro.
Um financiamento coletivo foi lançado na semana passada com a intenção de conseguir o valor necessário para levar toda a equipe à competição. Esta é a terceira vez que a escola, encravada numa área carente da Capital, conquista o direito de representar o país no mundial. Em 2012, a equipe esteve no México, e em 2013, na Holanda, quando ficou entre os 10 melhores países. Nas duas oportunidades, a prefeitura de Porto Alegre custeou as despesas das viagens.
Incerteza
Desta vez, porém, a Secretaria Municipal de Educação, alegando problemas financeiros, liberou apenas R$ 20 mil para ajudar no transporte.
— Infelizmente, não podemos comprar as passagens sem saber se teremos o restante para pagar a confecção dos passaportes, a alimentação, o transporte local e a hospedagem no Canadá. Nunca passamos por uma situação tão difícil — lamenta Cristiane.
O temor da professora e dos alunos é confirmar a participação da escola no evento e não conseguir a quantia necessária para as despesas. Se houver a confirmação e a viagem não ocorrer, o Brasil pode ser excluído das próximas edições da competição, prejudicando outras instituições. Até as 18h de ontem, o financiamento coletivo havia arrecadado R$ 6.850 (11,42%) da meta.
— Não paramos de trabalhar no projeto, mas dá uma aflição na gente porque não conseguimos ainda e não sabemos se poderemos ir — desabafa João Gabriel Welter, 13 anos, estudante do oitavo ano e há três anos na equipe.
Orgulho para a comunidade
As medalhas e troféus conquistados pela escola estão espalhados pela sala de robótica da Heitor Villa Lobos e são motivo de orgulho para toda a comunidade. Por ano, a instituição participa de pelo menos dez competições e eventos ligados ao tema. Até 2017, alunos do 5º ao 9º anos eram liberados para participarem da oficina de robótica duas vezes por semana, no turno inverso. Porém, a partir deste ano, por determinação da Secretaria Municipal de Educação, a robótica se tornou disciplina obrigatória apenas no 7º ano — 120 crianças têm aulas básicas.
A equipe Lobóticos se reúne duas vezes por semana, no turno inverso. Quando se aproximam as competições, o ritmo dobra e os treinamentos se tornam diários. Hoje, ela segue formada por estudantes que já faziam parte da oficina. Além de João Gabriel, estão no time João Gabriel Domingues e Leonardo Bálsamo, ambos de 13 anos e no 8º ano, e Lauren Rybarcik, 14 anos e do 9º ano. Na viagem, iriam ainda a professora e um ex-participante do Lobóticos, Leonardo Nunes, 18 anos, estudante do Ensino Médio e ainda assistente da equipe.
Desafio é dançar com robôs
Apesar da indecisão, o time segue programando os cinco robôs e treinando para a apresentação de cinco minutos. No palco, dois dos alunos terão que dançar com dois robôs. A Robocup valoriza e incentiva a interação entre robôs e humanos.
— Ninguém deseja algo que não conhece. Então, a partir do momento que passa a conhecer, passa a desejar aquilo para a sua vida, até mesmo como profissão no futuro e como conhecimento. Porque, realmente, a oportunidade de conhecer um outro país, uma outra cultura, é muito importante na vida de qualquer um, e é especial para estes estudantes — resume a professora Cristiane.
PARA AJUDAR
* Acesse a vaquinha virtual da equipe em www.bit.ly/loboticos
* Conheça mais sobre o trabalho do Lobóticos em www.facebook.com/equipeloboticos
* Contatos com a escola pelo telefone (51) 3319-1413