Fechado desde 2016 para passar por uma restauração, o Instituto de Educação Flores da Cunha, uma das escolas estaduais mais tradicionais de Porto Alegre, está com a licitação para obras em processo de abertura. O que chamou atenção foi o custo do serviço: R$ 28,6 milhões.
Isso significa que vão ser gastos mais de R$ 3,3 mil para recuperar cada metro quadrado de área construída (no total, o complexo tem 8.594 metros quadrados). Para termos de comparação, o Custo Unitário Básico (CUB) para construir do zero um metro quadro, conforme a tabela de março do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon/RS), chega no máximo a R$ 2,2 mil, para a categoria mais cara incluída (referente a espaços comerciais).
O próprio diretor-administrativo da Secretaria Estadual da Educação, Carlos Alexandre Ávila, observa que sairia mais barato demolir o Instituo de Educação e construir um prédio novo de que fazer a recuperação. É justamente por ser um restauro que o investimento é elevado. Não se trata de uma simples reforma, mas de tentar devolver o edifício ao seu estado original.
— O fato de ser um patrimônio histórico impacta violentamente no custo. A restauração requer uma delicadeza, uma série de cuidados, de melindres na execução, para manter padrão idêntico, fiel. Tem uma série de coisas que são mais onerosas e mais morosas — afirma.
Inaugurado em 1936, com projeto do arquiteto Fernando Corona, o prédio tem inspiração neoclássica, com colunas jônicas, saguão com imponentes pinturas a óleo e uma riqueza de texturas e detalhes por todo o lado. Está tombado pelo município e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado, que colaborou com o projeto de recuperação.
Volta às aulas é prevista apenas para 2020
Um dos desafios que fazem o custo se multiplicar é o de encontrar materiais fiéis aos que foram usados originalmente. Com frequência, eles são raros e caros. Além disso, os profissionais envolvidos precisam ser diferenciados. O edital de licitação exige que a empresa executora tenha pessoal certificado para esse tipo de trabalho.
— A equipe tem de ser altamente qualificada, com engenheiros e arquitetos acompanhando diariamente o trabalho. O que pesa mais no custo é a questão artística. É um prédio de arquitetura linda, com saliências, relevos, azulejos, ladrilhos e escaiolas que encarecem a obra. O custo se justifica porque é um patrimônio diferenciado, que faz parte da nossa História. É um marco — afirma Ávila.
A previsão é que as obras se estendam por 18 meses e que o instituto possa receber de novo os alunos, hoje espalhados por outras escolas, no ano letivo de 2020.