Quem passa pela Avenida Ipiranga, em Porto Alegre, já se acostumou com uma triste paisagem: o Arroio Dilúvio, que não recebe dragagem desde 2016, está repleto de lixo, mato e casebres.
Em 2012, um processo de revitalização do arroio teve início, a partir de uma parceria entre pesquisadores da PUCRS e da UFRGS com a prefeitura de Porto Alegre, mas esbarrou na falta de recursos.
Diferentes cidades ao redor do mundo recuperaram rios e os transformaram em importantes pontos turísticos e culturais, melhorando a vida dos moradores e incentivando a economia local. Veja cinco exemplos:
Rio Sena, em Paris (França)
Cartão-postal de Paris, as águas do rio eram lotadas de poluição industrial e esgoto doméstico. Em 1960, foram estabelecidas multas para quem poluísse a água. Isso permitiu a construção de 11 estações de tratamento na época; hoje, são mais de duas mil. O número de espécies de peixes nativos, por exemplo, pulou de quatro para cerca de 30.
Rio Tâmisa, em Londres (Reino Unido)
O rio passou a ser conhecido como o Grande Fedor em 1858, quando sessões do Parlamento tiveram de ser suspensas devido ao mau cheiro. Na época, epidemias de cólera eram muito comuns. Estações de tratamento de esgoto começaram a ser instaladas cem anos depois. Hoje, dois barcos percorrem o Tâmisa de segunda a sexta e retiram 30 toneladas de lixo por dia.
Rio Cheonggyecheon, em Seul (Coréia do Sul)
Com a separação das duas Coreias após a II Guerra Mundial, imigrantes se instalaram às margens do rio. O local começou a ser revitalizado em 2002 e levou quatro anos para se tornar um ponto turístico. Um viaduto que o cobria foi derrubado, enquanto foram feitos investimentos no transporte público e na ampliação de áreas verdes no entorno.
Rio Tejo, em Lisboa (Portugal)
Foram investidos 800 milhões de euros para a revitalização do Rio Tejo, que corta a cidade de Lisboa. O processo se encerrou em 2012, beneficiando pelo menos 3,6 milhões de habitantes. Para a limpeza do rio, foram criadas novas estruturas para o saneamento de esgoto doméstico e para o abastecimento de águas.
Canais de Copenhague (Dinamarca)
A água da chuva que era levada aos rios se misturava com o esgoto doméstico e com o lixo industrial. Em 1991, foi criado um plano de despoluição das águas e de remoção das indústrias ao redor do rio. Desde então, as galerias pluviais e reservatórios de água foram reconstruídos e o lixo passou a ser reciclado e incinerado. Hoje, moradores podem nadar em piscinas artificiais criadas pelo governo.