Em 10 anos, o número de carteiros dos Correios responsáveis pelas entregas em Porto Alegre reduziu em 18,6%. Além das aposentadorias, o Plano de Desligamento Incentivado (PDI) foi o principal responsável pela redução no número do efetivo de entregadores.
Em 2008, existiam 998 trabalhadores, número que caiu para 960 em 2013 e chegou aos atuais 812. A empresa não soube informar qual seria o efetivo suficiente para atender toda a demanda da Capital, mas prometeu contratar 65 carteiros para a cidade.
"Com a introdução de novas tecnologias, automação de fluxos operacionais e mudanças nos segmento postal e de encomendas, os Correios estão reavaliando o efetivo necessário em cada localidade", explica nota encaminhada a GaúchaZH.
Apesar da redução no efetivo, os Correios negam que o tempo de entrega das correspondências aumentou nos últimos anos. Reclamações sobre demora no serviço são frequentes. Morador do bairro Bom Jesus, na Zona Leste, Cleber Romário Rosa de Lima diz que não recebe faturas há quase três meses.
— No mês passado, paguei com multa, tinha que pagar até o dia 5, paguei (no dia) 10. Neste mês, vou pagar de novo — conta o porteiro, que diz ir até o centro de Porto Alegre para gerar as faturas e pagar diretamente nas lojas.
Em Porto Alegre e Região Metropolitana, não há endereços com restrição de entrega. Pode ocorrer, segundo a empresa, de alguma área não atender a determinadas condições, como segurança ou falta de placas indicando o nome das ruas. Além disso, existem áreas em expansão que ainda não contam com entrega domiciliária.
A maior parte das reclamações é sobre produtos comprados pela internet com atraso ou extraviados. Morador do Parque dos Maias, Luis Carlos costuma vender produtos pelo e-commerce e enviar pelos Correios. Segundo ele, desde outubro, o problema se agravou.
— Trabalho há cinco anos. A reclamação maior começou a partir de outubro do ano passado. Não só reclamações, eu percebo pois faço controle da chegada dos produtos ao cliente. Todo o dia tem uma reprogramação de entrega — reclama, acrescentando que perde vendas devido aos atrasos.
Por considerar uma informação "estratégica" e atuar em mercado concorrencial, os Correios não informam a média mensal de entrega, mas confirma que a demanda aumentou consideravelmente, sem informar o percentual. Com relação às correspondências como cartas e telegramas, a redução chegou à casa dos 33%. Em fevereiro de 2008, foram 5,7 milhões de entregas, contra 3,8 milhões neste ano.
Problema é a falta de efetivo, diz sindicato
Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, o secretário de comunicação do Sindicato dos Trabalhadores de Correios e Telégrafos do RS, João Augusto de Moraes Gomes, comentou o motivo dos atrasos e ausências nas entregas é a falta de efetivo.
De acordo com o sindicalista, o último concurso realizado para a contratação de novos funcionários para os Correios foi em 2011. Ele argumenta que seriam necessários, ao menos, mais 150 carteiros na capital.