Em pouco mais de duas semanas de trabalho, a consultoria do Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo, no Beneficência Portuguesa, de Porto Alegre, descobriu um crédito de R$ 1 milhão em serviços prestados a pacientes de planos de saúde que pode ajudar a reabrir a instituição ainda em março.
Conforme o médico e diretor técnico do Beneficência, David Kerber, são contas de convênio que estavam paradas, algumas inclusive de 2016.
— Essas contas (de pacientes que já foram atendidos) têm prazo para serem apresentadas, em geral 90 dias da alta. Contudo estamos estudando a possiblidade de ainda gerar a cobrança, mesmo que seja de uma parcela. Essa perspectiva existe e é boa — garante.
De acordo com Kerber, os planos de saúde reconhecem ser justo quitar esses valores, mas dizem não ter condições de pagar o montante de uma vez.
— Mas temos a garantia do Banrisul em antecipar estes valores imediatamente, com juros baixos. E os convênios repassariam as parcelas direto para o banco — detalha.
Será esse valor que fará com que o hospital possa voltar a atender a comunidade, de forma gradual, começando com cerca de 30 leitos para internações de baixa complexidade. Conforme o diretor técnico, os pacientes atendidos nesta fase serão de convênios, principalmente do Instituto de Previdência do Rio Grande do Sul (IPE).
— Estamos visando um número inicial de 30 a 32 leitos de internação, o que representa todo o quarto andar, que já está pronto para uso — salienta.
Mas antes de retomar os trabalhos, a força-tarefa que luta para salvar o Beneficência tem dois desafios na próxima semana: pagar pelo menos um mês de salário dos 120 funcionários que seguem acreditando no hospital e reformar a cozinha, interditada pela Vigilância em Saúde.
— A briga da semana é a mobilização para conseguir pagar o mês de fevereiro inteiro até o final da próxima semana. Isto traria um pequeno fôlego aos funcionários para iniciarmos essa nova etapa — reconhece.
Já sobre a infraestrutura, Kerber destaca que parcerias estão sendo feitas para garantir a liberação da cozinha.
— Temos empresas interessadas em nos auxiliar, além do Sindicato da Construção Civil (Sinduscon) — afirma.
Em paralelo, o diretor técnico antecipa que há o plano de iniciar atendimento nos consultórios do Beneficência, nas mais variadas especialidades tanto convênios como particulares a valores modestos.
— Há varias colegas médicos disponíveis e interessadíssimos em auxiliar. Vemos está fase como uma oportunidade de mudança de postura, com médicos realmente diferenciados e com atendimentos de excelência — observa.
Para Kerber, isso irá gerar receita para garantir um reinício:
— Mas ainda sem condições de discutir qualquer dívida passada.