A retomada de obras na ciclovia da Avenida Ipiranga — ainda não está concluída, quase sete anos depois do início de sua construção —, que ocorreu nesta quinta-feira (15), é uma das poucas boas notícias no horizonte para quem utiliza a bike para locomoção na via, uma das principais de Porto Alegre.
Sem recursos públicos para concluir os trabalhos, pavimentar os 2,2 quilômetros que ainda vão faltar depois de terminados os 400 metros entre a Avenida Silva Só e a Rua João Guimarães, no sentido bairro-Centro, depende da negociação de contrapartidas com empresas privadas.
— As obras vão ser realizadas por contrapartidas, até pela questão financeira. Ainda não há nada definido: está tudo em negociação. Mas a gente depende hoje só da contrapartida — disse o coordenador do Plano Diretor Cicloviário na Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), Antônio Vigna.
Dos 9,4 quilômetros totais previstos para a ciclovia da Ipiranga, ainda faltarão 2,2 quilômetros quando o trecho iniciado nesta quinta-feira for concluído — da Rua João Guimarães à esquina com a Avenida Salvador França.
A obra atual é custeada com a contrapartida de dois empreendimentos da construtora Melnick Even e acontece quase três anos depois do último trecho inaugurado — em 2015, entre as avenidas Salvador França e Antonio de Carvalho. Segundo a EPTC, a obra está prevista para ser finalizada em três meses. O trabalho será executado pela construtora Procon e deve custar R$ 648 mil.
Já para o trecho que falta, ainda não há definição. Caso siga o modelo aplicado em outros pontos da Capital, onde as contrapartidas resultaram em trechos menores do que um quilômetro, o que falta precisará ser dividido entre vários empreendedores, provocando mais demora na entrega.
Plano cicloviário deve ser readequado por falta de recursos
A dependência de dinheiro privado é o que tem feito parte do canteiro da Ipiranga mofar à espera da ciclovia, que começou a ser construída em 2011 e empacou pouco depois da entrega do primeiro trecho — 416 metros entre as avenidas Erico Verissimo e Azenha, inaugurados em 2012. A justificativa da EPTC, à época, foi a demora no processo de liberação de empreendimentos — as empresas só precisam executar as contrapartidas na fase de conclusão de seus empreendimentos, o que pode levar de meses a anos para ocorrer.
Conforme Vigna, a EPTC está realizando estudos para "readequar" a implantação do Plano Diretor Cicloviário à nova realidade financeira do município. O novo modelo, segundo o gestor, pode ser apresentado à população ainda no primeiro semestre. Dos 495 quilômetros previstos na criação do plano, em 2008, a Capital conta com menos de 10% implantados.
— Estamos fazendo uma avaliação com o prefeito e acredito que em breve ele vá apresentar a nossa estratégia atual. Tem toda uma adequação pela questão financeira, um novo alinhamento em relação ao plano — sinalizou.
Histórico de atrasos
2011
Começa a construção da ciclovia da Ipiranga
2012
Em 7 de maio, é inaugurado o primeiro trecho: 416 metros entre as avenidas Erico Verissimo e da Azenha
EPTC projeta entrega dos trabalhos até a Avenida Salvador França para o fim do ano, mas as obras nem chegam a começar
2015
Ainda sem que as obras tenham saído do papel, a EPTC promete que a ciclovia ficará pronta até o fim do ano. Previsão não se concretiza.