Já há quem circule por ela, mas a ciclovia da Avenida Goethe, em Porto Alegre, que começou a ser construída em junho de 2017 e teve seu prazo de conclusão adiado já no ano passado, não tem previsão da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) para ser entregue à população.
O atraso na obra de 650 metros entre o o Parque Moinhos de Vento à ciclovia da Vasco da Gama já é de cinco meses em relação ao cronograma original. Boa parte do trecho está delimitado e pavimentado, à espera de sinalização. Um problema com a empresa que executava a obra, porém, fez tudo parar na fase final: depois que a empreiteira inicialmente contratada desistiu do trabalho, em setembro, outra foi chamada para terminar o serviço. A entrega, que tinha sido adiada para janeiro, segue atrasada.
– Até o ano passado, a ciclovia teria um atraso normal para os parâmetros de Porto Alegre, mas a empreiteira que fazia a obra quebrou. A (nova) empresa tem problemas internos e está sendo cobrada. Estamos naquele período em que, a qualquer momento, eles entregam – disse o coordenador do Plano Diretor Cicloviário, Antônio Vigna.
Segundo as Lojas Renner, que financiam a obra – uma contrapartida em função da construção de sua nova sede administrativa na Zona Sul –, também houve problemas técnicos durante o processo: "Foram constatadas divergências sobre a situação das redes de esgoto e de telefonia em alguns trechos da via, sendo necessário buscar alternativas técnicas para o prosseguimento da obra de pavimentação", disse, em nota. Segundo a empresa, "um grupo multidisciplinar, formado por diferentes partes interessadas na conclusão da obra da ciclovia, está concentrando esforços para solucionar e avançar o mais rápido possível".
Por meio de sua assessoria de imprensa, a EPTC admitiu que o projeto antigo exigiu ajustes que "estão sendo analisados pela parte técnica".
Sem operários há duas semanas, relata taxista
Se depender do ritmo dos trabalhos, o momento aguardado por quem anda de bicicleta nas imediações do Parcão pode demorar ainda mais. Na manhã da última sexta-feira (16), a reportagem de GaúchaZH esteve no local e deparou com a obra parada. Por volta das 10h, nenhum funcionário da empreiteira trabalhava na ciclovia – alguns pedestres e ciclistas circulavam pela área demarcada.
Taxista do ponto localizado em frente à ciclovia, Renato Machado confirmou a percepção de abandono. Segundo ele, há pelo menos 15 dias não se vê movimentação na obra.
– Faz bastante tempo que não vejo ninguém. Mas, antes disso, nunca teve uma continuidade. Vinha um e fazia um pedacinho, aí passava duas semanas e vinha alguém mexer, medir e ia embora – relata o trabalhador, que elogiou o trabalho na esquina da Goethe com a Rua Vasco da Gama, onde a ciclovia atenuou a curva de entrada no ponto de táxi.
Na semana passada, foram iniciadas obras em outra ciclovia, na Avenida Ipiranga. A via deve ganhar mais um trecho de 400 metros entre as ruas Silva Só e João Guimarães – para os 2,2 quilômetros entre a João Guimarães e a Terceira Perimetral não há previsão de obras. Segundo a EPTC, o Plano Diretor Cicloviário está passando por um "novo alinhamento", que deve ser anunciado à população "em breve".