As soluções para acabar com os alagamentos são complexas. O cenário dos dias de chuva forte é o mesmo há tempo: ruas alagadas e bloqueadas, casas e estabelecimentos inundados, pessoas desalojadas e trânsito complicado. Essa era a situação de cidades como Porto Alegre e Viamão nesta quinta-feira (7): nas duas, as precipitações superaram a média histórica para todo o mês de dezembro em 5% e 24%.
Na Capital, os pontos mais críticos estavam nas zonas Norte (região da Avenida Sertório) e Leste (bairros Lomba do Pinheiro, Partenon e Morro Santana). No município vizinho, a Vila Augusta foi o local que apresentou os maiores problemas.
Secretário de Serviços Urbanos de Porto Alegre, Ramiro Rosário aponta as bombas de sucção fora de funcionamento como um dos principais fatores para os alagamentos. Dos 88 equipamentos, apenas 42 estão em operação.
— A chuva superou a média prevista para dezembro, o que em uma situação normal já causaria transtornos. Numa situação de déficit de drenagem gigantesco, há mais transtornos ainda — avalia.
Na tarde desta quinta, nenhum dos sete equipamentos da Casa de Bombas Silvio Brum, na Zona Norte, estava operando — o rotor da única máquina que funcionava apresentou problema por causa do grande volume de água. Isso refletiu na região da Avenida Sertório. Quatro bombas móveis foram disponibilizadas pela Corsan para amenizar a situação e devem ser instaladas hoje. Nos próximos dias, uma outra bomba será disponibilizada pelo Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae).
— As áreas de maior concentração de água fogem do padrão das últimas chuvas. Tivemos uma concentração muito forte na Zona Leste, na Lomba do Pinheiro, no Partenon, nos morros que ficam nessa região e que abastecem os nossos arroios. Um dos maiores problemas que tivemos hoje foi no Arroio da Areia, que passará por obras de drenagem no próximo semestre custeadas pelo governo federal através do PAC Prevenção — afirma Rosário.
O secretário geral de Governo de Viamão, Nilton Magalhães, relata que as chuvas são mais prejudiciais em áreas de ocupação irregular.
— Em torno de oito mil famílias moram em áreas de risco, e temos procurado fazer o reassentamento — comenta Magalhães.
O secretário relata que casas próximas a tubulações pluviais dificultam a manutenção das estruturas:
— Muitas casas estão construídas em cima dessas tubulações. Mas estamos fazendo o revestimento dos canais pluviais na Vila Augusta. Em julho, 345 famílias serão encaminhadas para um condomínio para podermos concluir o revestimento desses canais, podendo alargar o Arroio Feijó e minimizar os problemas de alagamento.
Pelo menos 50 famílias pediram ajuda para a prefeitura de Viamão e tiveram de deixar suas casas —até a noite de quinta, sete ainda permaneciam na Escola Municipal Luciana de Abreu. No Instituto de Cardiologia do município, telhas cederam e a água danificou quatro quartos. Sete pacientes precisaram ser removidos para outros espaços.
106,2mm
é o volume de chuva registrado em Porto Alegre — 5% a mais do que a média histórica de todo o mês de dezembro, que é 101,2mm, conforme a prefeitura
126,8mm
é o volume de chuva registrado em Viamão — 24% a mais do que a média histórica de todo o mês de dezembro, que é 102,1mm, conforme a Somar Meteorologia