O fechamento temporário do posto de atendimento da Brigada Militar na Rua Déa Coufal, no bairro Ipanema, na Zona Sul, está causando revolta de moradores. A unidade havia sido reformada pela comunidade e teve móveis e outros itens doados para sua reabertura, que ocorreu em outubro de 2017. Nesta quarta-feira (27), no entanto, o local voltou a ser fechado.
Ironicamente, a causa foi um investimento de R$ 25 milhões do Estado na Brigada Militar — a chegada, na terça-feira, de 118 novas viaturas para o policiamento. Conforme a capitã Noele Razzio, que comanda interinamente a companhia do bairro, os policiais do posto foram remanejados para as ruas para ficarem nos novos carros, posicionados em cruzamentos movimentados da região. Ela garante que o fechamento do posto é temporário e que ainda em janeiro a unidade deve voltar a atender 24 horas.
—Recebemos nove viaturas e eu preciso botar gente nessas viaturas, entenderam? A gente acabou tendo que utilizar esses recursos, que são poucos nessa época. Há muitas férias, muita gente que foi para a Operação Golfinho. Então o cobertor é curto — admite a oficial.
Perigo aumenta justamente no verão, dizem moradores da Zona Sul
Moradores reclamam do fechamento e querem uma reunião com o comando da BM para resolver o problema. A vice-presidente da Associação de Moradores do Bairro Ipanema, Beatrice Reocha, entende a nova determinação como uma "bala nas costas".
— Eu fiquei sabendo da notícia ontem (26), à tarde, e postei no nosso grupo. Todos ficaram extremamente revoltados. A gente sabe que o pior problema na segurança é justamente o verão, com indulto de natal e Operação Golfinho. Aí vem nesta data um oficial e manda fechar o postinho — reclama Beatrice.
Outra moradora ouvida pela reportagem, que preferiu não se identificar, diz se sentir traída. Ela é uma das pessoas que doou dinheiro e pertences para a BM. Vizinha da unidade, ela comenta que a relação dos moradores com os agentes da unidade é "excelente", e que não entende a decisão do comando do 1º Batalhão pelo fechamento.
— A sensação é de traição. O poder público veio autoritariamente agir no que a comunidade fez. O elo não fechou. Não houve parceria — criticou.
A reclamação dos moradores foi levada pela reportagem de GaúchaZH para a oficial da BM na região. Noele afirma que vai reunir seus policiais ainda nesta quarta-feira (27) para traçar nova estratégia para os próximos dias. Uma das possibilidades é garantir atendimento para a população ao menos durante a tarde.