A dificuldade em fazer avançar projetos no Legislativo e o passivo de dívidas passadas são os principais obstáculos para reequilibrar as finanças da prefeitura e concluir as obras em Porto Alegre, disse, em entrevista nesta terça-feira (5) ao Gaúcha Atualidade, o prefeito Nelson Marchezan. Questionado sobre as obras paradas da Copa e a deficiência em serviços como capina e manutenção do asfalto das ruas, Marchezan foi direto:
— A cidade está um caos.
Para Marchezan, há três caminhos que, segundo ele, Porto Alegre precisa enfrentar simultaneamente: corrigir a tabela do IPTU, suspender aumentos automáticos ao funcionalismo e buscar recursos privados para que a cidade possa ter, no curto prazo, acesso a serviços públicos. Derrotado na Câmara de Vereadores ao tentar reajustar a tabela do IPTU e enfrentando resistência dos vereadores para aprovar proposições que alteram benefícios do funcionalismo, Marchezan confirmou que não desistirá dos temas.
— Todos os projetos necessários para mudar a qualidade de vida dos cidadãos serão, se não aprovados, reapresentados na Câmara - afirmou.
Sobre as obras de mobilidade previstas ainda para a Copa do Mundo de 2014, Marchezan disse que espera a resposta do Banrisul para um pedido de financiamento para quitar dívidas atrasadas. São valores que somam cerca de R$ 60 milhões e que ainda não foram pagos. O atraso impede, por exemplo, a entrega da obra da trincheira da avenida Ceará.
Segundo o prefeito, técnicos do Paço Municipal chegaram a estudar a possibilidade de a prefeitura assumir a liberação da obra, que é considerada pronta. Mas o consórcio responsável aguarda a quitação de dívidas.
— Se a prefeitura entrar numa obra que não foi entregue por aqueles que têm a responsabilidade técnica, o risco fica por conta dos técnicos da prefeitura. E ninguém quer assumir esse risco — explicou.
Sobre críticas que teceu ao trabalho legislativo, em recente evento promovido pelo Movimento Brasil Livre (MBL), Nelson Marchezan evitou o mea culpa e disse que o comentário se trata se uma "análise política"
— Fui parlamentar por dez anos e sei a pressão que sofre quando uma galeria está cheia, quando uma pessoa agride fisicamente um parlamentar — declarou.