Diariamente, o enfermeiro Guilherme Breitsameter, 33 anos, coloca a filha Beatriz, de um ano e 11 meses, em um carrinho rosa e aproveita a ida ao supermercado para passear com a border collie Cacau e o shitzu Augusto. Ao chegar no estabelecimento, Breitsameter amarrava os cãezinhos de forma improvisada em um canto para fazer as compras — mas, agora, o local conta com um dog parking, espécie de estacionamento para cachorros.
O dog parking existe há cerca de quatro meses no estacionamento de um supermercado no bairro Jardim Planalto, na zona norte de Porto Alegre. Com cobertor, gancho para prender coleira, portão e pote com água, quatro guichês de quase um metro quadrado, junto à entrada do Supermago, concretizam uma solução criativa para os donos de pets, já que não é permitido entrar com o animal na loja.
— Ficou bem mais seguro porque podemos fazer as compras com tranquilidade, conseguimos enxergar os bichinhos do caixa. Eles ficam protegidos da chuva e do sol. Achei muito bacana — relata o enfermeiro.
A ideia surgiu em uma viagem da diretora do Supermago a São Paulo na metade 2015. Patrícia Machado, 31 anos, encontrou um estabelecimento que contava com o espaço reservado e decidiu construir um semelhante na Capital. Inaugurado em 1º de junho deste ano, o dog parking não representa custos aos clientes.
— A gente sempre tem a vontade de abraçar nossos vizinhos, fazer algo por eles. E uma forma que encontramos foi cuidar de quem eles amam. Cuidamos para deixar (o local) sempre limpinho, com água e cobertor à disposição — explica Patrícia, garantindo que o número de visitas caninas aumentou com a novidade.
A diretora conta que a novidade foi tão bem recebida pelos clientes que ela não descarta a a possibilidade de levá-la a outras unidades do supermercado:
— Tem clientes das outras unidades que sabem do dog parking e pedem para colocarmos nas outras. Quem sabe, futuramente, né?
A ideia chama atenção até dos que vão ao mercado sem um animal de estimação. Crianças e adultos param alguns minutos para observar e brincar com os bichinhos que ficam "estacionados".
— Trouxe uma outra energia para o ambiente, parece que aqui ficou mais alegre. Não tem como a gente não parar para olhar, é muito fofo — diz, entusiasmada, a empresária Samantha Ribas, 28 anos.
Para ir ao mercado com a cachorrinha Molly, o casal Rodrigo Martins, 27 anos, e Jéssica Charão, 26 anos, precisava se dividir. Um ficava cuidando da pet na entrada, e o outro tentava fazer as compras em tempo recorde. O problema era quando um dos dois precisava ir sozinho.
— Ela chorava um pouquinho quando ficava amarrada no portão ou no bicicletário. Eu tinha de fazer as compras rapidinho e logo voltar. Agora, sei que ela fica mais segura, além de ter o convívio com os cachorros ao lado — conta Martins.
Passando férias na casa da família, em Porto Alegre, Guilherme Paties, 24 anos, mora em Londres desde 2015. De acordo com ele, é muito comum o pet inserido no cotidiano dos britânicos, com espaços reservados em restaurantes e supermercados, por exemplo. Quando chegou e viu que a iniciativa também está sendo adotada por aqui, Paties ficou surpreso.
— Fazia muito tempo que eu não vinha para cá e isso me deixou bem otimista. Eles estão pensando além do cliente, estão pensando no melhor amigo do cliente — comenta Paties, enquanto segura Kiara, uma chow chow de oito anos.