Desde quinta-feira passada (19), relatos de falta de água em bairros de Porto Alegre, principalmente na Zona Sul, têm chegado aos meios de atendimento do Grupo RBS. Na segunda-feira (23), o Diário Gaúcho mostrou como os moradores do Morro Agudo, região mais alta do bairro Campo Novo, na Zona Sul, estavam sobrevivendo sem o abastecimento por parte do Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) há quatro dias. Além dos problemas relatados no Campo Novo, moradores dos bairros Cascata, na Zona Sul, e Coronel Aparício Borges, na Zona Leste, passam por situações semelhantes.
O departamento chegou a creditar a falta de água "as constantes quedas de luz e falhas no fornecimento por parte da Companhia Estadual de Energia Elétrica (Ceee)". Porém, a Ceee negou que tenham ocorrido falhas. A companhia ainda afirmou que um problema na rede elétrica da Estação de Bombeamento de Água Tratada (EBAT) Cristiano Kraemer, na Vila Nova, creditada à concessionária, foi um defeito interno da estação, de responsabilidade do próprio Dmae.
Após contato da reportagem, na tarde de segunda-feira, o departamento responsável pelo tratamento de água e esgoto na Capital enviou um caminhão-pipa para auxiliar paliativamente os moradores do Morro Agudo.
O órgão explicou que, no sábado (21), um carro bateu no poste interno da Estação de Bombeamento de Água Tratada (EBAT) Cristiano Kraemer, na Vila Nova. A colisão danificou os cabos de energia elétrica que alimentam a EBAT. Por isso, segundo o Dmae, o serviço seria complexo e ia exigir maior tempo e técnicos especializados. A troca da tubulação foi iniciada, mas o Dmae não havia dado uma previsão para o fornecimento de água voltar ao normal.
Entretanto, na fim desta terça (24), o abastecimento começou a ser normalizado. Morador do Morro Agudo, o motorista Antonio Marcos de Oliveira, 56 anos, ficou aliviado com o restabelecimento do serviço:
— Já estávamos indo para o quinto dia sem água, ainda bem que deram um jeito de arrumar rapidamente.
Outros problemas
Além de Antonio, outros moradores da Capital também estão passando por dificuldades relacionadas ao abastecimento de água. Renata Gisele Couto dos Santos, auxiliar de serviços gerais, 37 anos, é moradora do bairro Cascata, também na Zona Sul, e relata que está há mais de duas semanas sem receber água, problema que acontece com todos seus vizinhos da Rua Claudionor Morais, próximo ao Beco 13.
A auxiliar conta que a situação começou com um buraco na Rua Ascensão, entre os números 132 e 136. Ela relata que os moradores da região precisam buscar água potável em uma casa abandonada no final da via, e que o Dmae não providenciou um prazo para resolver o problema.
Na Zona Leste, Elbio Lima This, pedreiro, 24 anos, passa por uma situação muito mais complicada. Ele relata que está desde janeiro deste ano sem receber água potável em sua residência, na Rua do Mato, no bairro Coronel Aparício Borges.
Ele conta que o problema afeta mais de 50 residências da área, que dependem do reservatório de um morador da via, que esporadicamente ainda tem acesso. O pedreiro afirma que sempre teve dificuldades com o abastecimento de água em sua casa, mas que pelo menos em um turno de cada tinha acesso, o que mudou no início de 2017. A última promessa feita pelo Dmae a Elbio é de normalização até o meio do verão.
Dmae trabalha com equipes reduzidas
O Dmae, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que foram detectados dois vazamentos na Rua Claudionor Morais, bairro Cascata, o que está causando a falta de água. O Departamento explicou que está trabalhando com equipes reduzidas em função da greve do funcionalismo municipal e que, por isso, o reparo não será realizado hoje. Eles ainda avisaram que a previsão é que o serviço seja executado amanhã.
Relativo ao problema do bairro Coronel Aparício Borges, o Dmae afirmou que realizou várias ações para melhorar o abastecimento da região desde o início do ano, como consertos de inúmeras fugas aparentes e não aparentes de água, bem como a substituição da bomba da Estação de Bombeamento Menina Alvira. O Departamento informa que está em contato com os moradores e disponibiliza caminhão-pipa para as áreas sem rede de abastecimento na Rua do Mato. O órgão público concluiu dizendo que está sendo realizada uma obra para ampliação da capacidade de bombeamento, com estimativa de conclusão para o final de novembro, para minimizar o desabastecimento no local.
O Dmae finalizou esclarecendo que a área é de preservação ambiental (irregular), além disso, está localizada acima da cota de abastecimento.