Tradicional ponto de manifestações em Porto Alegre, cruzamento da Rua dos Andradas com a Avenida Borges de Medeiros foi alçada a patrimônio cultural de Porto Alegre há exatos 20 anos. Conheça o espaço por meio de olhares de quem atravessa a Esquina Democrática diariamente.
Das 7h às 19h na Borges, Francisco Machado da Silva, 52 anos, fica sentado de frente para a Esquina Democrática. Com seis escovas e alguns frascos de cera dispostos alinhadamente sobre um caixote de madeira, o engraxate aguarda os clientes, que estão mais raros do que na época que chegou ali, há três décadas, segundo ele.
Antigamente, fazia 25 graxas por dia. Agora, quando faz 15, fica feliz.
— Tem muito tênis, muita camurça. Mas sempre tem um sapatinho velhinho — relata.
Chico conta que, para ele, a Esquina Democrática é trabalho. Mas diz que "vê de tudo" por ali.
— Tem protesto, tem festa, às vezes tem briga também. E tem louco para tudo, é devagar, é ligeiro, é gente falando sozinha, no telefone no meio da rua...
Nascido no bairro Bom Jesus, o hoje morador do Cristal orgulha-se em falar que Sebastião Melo, Assis ("o irmão do Ronaldinho") e até o falecido Jamelão foram seus clientes. E garante: tem papo para agradar qualquer um.
— Crise, política, futebol... Qualquer assunto que tu conversar comigo, eu converso contigo.