Tradicional ponto de manifestações em Porto Alegre, cruzamento da Rua dos Andradas com a Avenida Borges de Medeiros foi alçada a patrimônio cultural de Porto Alegre há exatos 20 anos. Conheça o espaço por meio de olhares de quem atravessa a Esquina Democrática diariamente.
Diretas Já, Assembleia Nacional Constituinte, fim da Lei de Segurança Nacional, Reforma Agrária. Jair Krischke perdeu as contas de em quantas lutas se envolveu na Esquina Democrática. E mesmo quando parou de se juntar aos protestos — aos 79 anos, acha que não teria mais condições de correr da Brigada —, ele nunca se afastou do local. O escritório onde trabalha fica justamente no Edifício Missões, um dos quatro que cercam a Esquina.
O presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH) conta que a Esquina Democrática começou a se consagrar como um espaço para manifestações no final dos anos 1970, começo dos anos 1980.
Se hoje os manifestantes se valem de caixas amplificadas, microfones a até carro de som, no nascimento da Esquina Democrática, "era no gogó". Alguns cartazes e faixas corajosos apareciam também — mas em um tamanho que fosse possível enrolar rápido para sair correndo, se necessário. E se a Esquina era palco da liberdade de expressão, não era de se espantar que o aparelho repressivo estivesse com olhos e ouvidos bem abertos por ali. Krischke acredita que o Serviço Nacional de Informações (SNI) tinha um "camarote" na região, para monitorar o que acontecia.
Krischke destaca que não há algum marco indicando o local, mas nem precisa: vê ela mesma como um monumento para homenagear a cidadania:
— Em uma cidade de poucas tradições, essa talvez seja a mais bela. É um espaço que deve ser preservado, para que qualquer porto-alegrense possa dizer o que lhe vai no coração, o que lhe vai na consciência política e ideológica.
Clique e veja outros olhares:
Abraham, o anjo da arte de rua
Ana Paula, a observadora do alto
Francisco, o engraxate do cruzamento
Jaci, o dono da banca de revistas