Enquanto em municípios como Caxias do Sul, Santa Maria e Gravataí já é possível pagar o estacionamento rotativo com cartões e até mesmo pelo celular, motoristas que estacionam na Área Azul de Porto Alegre precisam ter sempre à mão as velhas moedas.
E a falta de opções não deve mudar tão cedo. Um imbróglio judicial entre a primeira e a segunda colocadas na concorrência feita para gerir os estacionamentos rotativos na Capital emperra a implantação de equipamentos mais modernos.
– A licitação previa parquímetros que agregariam novas tecnologias. É uma pena, porque toda vez que é feita, uma empresa processa a outra. É um mercado muito competitivo. Fui buscar o histórico e vi que em outros anos foi a mesma coisa. Em 2002, chegou a ter 25 impugnações administrativas – lamentou o diretor-presidente da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), Marcelo Soletti.
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A licitação realizada em novembro do ano passado previa que o novo gestor da Área Azul na Capital implantasse parquímetros mais modernos, com opção de pagamento por meio de cartões de débito e crédito. Depois de um ano, o vencedor teria de agregar novas tecnologias aos equipamentos, como pagamento via smartphone.
Após o processo, vencido pela Zona Azul Brasil Serviços Administrativos Eireli ME – a empresa opera em Gravataí, onde, em julho, tornou-se possível pagar o rotativo com cartões –, duas empresas concorrentes entraram com recurso pedindo que o resultado fosse reavaliado. A disputa judicial ainda está em curso, e, segundo a EPTC, não há previsão de resolução.
O entrave jurídico tornou remota a possibilidade de o serviço começar no prazo estimado, novembro deste ano. Diante do problema, o prefeito Nelson Marchezan solicitou à EPTC um estudo sobre alternativas.
De acordo com Soletti, a avaliação já foi concluída, mas deve passar por ajustes. O órgão trabalha com a possibilidade de uma solução mais rápida pela disputa judicial – no caso de se resolver nos próximos meses –, mas também há um plano B, que incluiria abrir uma nova licitação. Os dois cenários preveem inovações tecnológicas, como a disponibilização de outros serviços nos parquímetros e a ampliação do número de vagas – as atuais 4 mil poderiam passar para até 10 mil.
– O prefeito pediu para buscarmos o que há de mais moderno em termos de tecnologia. A ideia é ter uma Área Azul top – diz Soletti.
Desde 2013, a EPTC enfrenta problemas com as empresas que disputam a licitação para fazer a operação do serviço – apesar disso, o sistema continua funcionando, com a fiscalização realizada pelos agentes de trânsito da própria EPTC. Conforme o órgão, desrespeitar a Área Azul é infração grave: o motorista perde cinco pontos na carteira e tem que pagar multa de R$ 195,23, além da remoção do veículo. No ano passado, a EPTC aplicou 6.193 multas por esse tipo de infração.
Como funcionam os parquímetros além das moedas
Cartão de débito e crédito
– Permite a compra de tíquetes da Área Azul com cartões de débito e crédito nos parquímetros, além das moedas.
– Em alguns casos, motoristas também podem pagar o rotativo em pontos do comércio local, por SMS ou por meio de um aplicativo.
– O sistema funciona em Gravataí desde este mês.
Aplicativo para smartphone
– Permite o pagamento remoto via aplicativo para smartphone.
– O usuário baixa o app, realiza um cadastro e inclui a placa do veículo no sistema (é por meio dela que será feita a fiscalização).
– Os créditos podem ser comprados previamente ou na hora, com cartão de crédito ou boleto (há casos em que é possível comprar por SMS ou pelo telefone).
– O valor adquirido fica na nuvem e é descontado conforme o uso.
– Funciona assim em Florianópolis e São Paulo. No RS, Bento Gonçalves, Caxias do Sul e Santa Maria também usam.