A comunidade católica vinculada à igreja Sagrado Coração de Jesus, no Bairro Sétimo Céu, em Porto Alegre, luta para retomar uma obra idealizada pelo padre José Werle, titular da paróquia durante 45 anos, morto em 2015.
O prédio de três andares nos fundos da igreja histórica serviria como centro comunitário, com salas para aulas de catequese, salão de festas e dormitórios para retiros religiosos. Porém, desde a morte do padre, a construção iniciada ainda na década de 1980 está praticamente paralisada.
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Pelos cálculos dos paroquianos, seriam necessários, pelo menos, R$ 500 mil para revestimentos, aberturas e conclusão do terceiro andar – o dos dormitórios e que ainda está no concreto. Fiéis afirmam que Werle depositava na construção os salários das aposentadorias que recebia como professor e psicólogo. Era a meta de vida dele finalizar o prédio.
Enquanto a situação não se resolve, a paróquia tem alugado o andar térreo para retiros e cursos. Mas espera divulgar ainda mais o espaço para arrecadar o dinheiro necessário para a obra.
– Ele sonhava em vê-la concluída para servir à comunidade. Agora, para arrecadar fundos, estamos alugando o andar térreo para festas e eventos religiosos. O objetivo é terminar, mas falta muito – conta o catequista Jorge Giordano, 65 anos, integrante do conselho pastoral paroquial e amigo de José.
Amor e dedicação
Relíquia histórica encravada no alto do Bairro Sétimo Céu, a Sagrado Coração de Jesus é uma das mais antigas paróquias da Zona Sul da cidade. Construída em 1898 a partir das doações dos imigrantes italianos que se instalaram na região, a igreja foi perdendo fiéis com a criação de novas paróquias na região. Quem ficou, porém, dedica-se com afinco aos cuidados do prédio em homenagem ao padre que mais tempo permaneceu na paróquia.
– Padre José era um apaixonado por esta igreja. Por isso, queria deixar uma marca com o centro comunitário. O que podemos fazer é tentar concretizar este sonho dele – justifica a secretária do conselho pastoral paroquial, Ana Maria Chini Pretto, 65 anos.
Ao lado do marido, o aposentado Paulo Pretto, 68 anos, Ana Maria é uma das mais interessadas em manter a paróquia funcionando até a chegada de um novo padre. É ela quem lava as toalhas de mesa da igreja e limpa a casa paroquial, entre outras atividades de limpeza. Paulo também passa os dias na igreja ajudando na manutenção do prédio e do terreno. Ambos são voluntários.
– Frequentamos esta paróquia há mais de 30 anos. Fazemos isso por amor – relata Paulo.
Atividades têm fluxo normal
Segundo o vigário geral da Arquidiocese de Porto Alegre, padre Cirineu Furlanetto, a Sagrado Coração de Jesus ainda não tem um pároco definitivo, mas vem sendo mantida pelo administrador paroquial Jaime José Caspary, da Paróquia São Vicente Mártir, no Bairro Camaquã, e tem as celebrações feitas pelo padre João Carlos Strack, que presta atendimento religioso em dois hospitais de Porto Alegre.
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Padre Cirineu garante que a situação não influencia no andamento da paróquia e que a arquidiocese tem a intenção de finalizar a obra iniciada no local.
– Não há previsão de anúncio de um pároco para esta igreja, mas isso não muda nada na rotina e nem na nossa intenção de seguirmos com a obra. O problema é que dependemos de doações e de arrecadações nos eventos feitos no andar térreo, que já está pronto – explica o vigário geral.