Alterações no gosto e no cheiro da água da Capital colocaram, novamente, os moradores da cidade em alerta e pedindo explicações à prefeitura. O Secretário Municipal de Serviços Urbanos de Porto Alegre, Ramiro Rosário, afirma que a água continua potável, mas que a solução para o problema depende dos resultados de testes que estão sendo feitos em São Paulo e devem demorar cerca de 15 dias.
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O prazo foi estendido. Inicialmente, o Dmae havia informado que o resultado do teste que aponta se existem bactérias heterotróficas na água seria anunciado nesta quinta-feira. Enquanto não há uma confirmação técnica, o secretário evita falar em causas, mas descarta que o líquido esteja impróprio para consumo.
– Se a nossa água tivesse impropria é possível que tivéssemos surtos de diarreia, surtos de doenças vinculadas à qualidade da água, o que segundo a secretária não está ocorrendo – diz Ramiro.
A seguir, os principais trechos da entrevista.
Os exames estão sendo feitos em São Paulo, o que estaria acontecendo com a água na Capital?
Foram encaminhadas as amostras para São Paulo para poder atestar com a certeza que a comunidade porto-alegrense merece e que a imprensa tem exigido para não se ficar no achismo sobre o que está ocasionando o odor e o sabor na água. Estou do lado do meu adjunto que tem 35 anos de Dmae, foi encaminhada essa amostra e a tendência é que seja de fato uma substância que é exalada e emitida pelas algas.
Essa a principal hipótese?
Essa é a principal hipótese, mas vou te pedir uma gentileza, não quero dar um tipo de resposta que se vê muito no poder público de se afirmar as coisas sem ter certeza e ficar fazendo promessas. Não é esse relacionamento que queremos ter nem com a sociedade nem com vocês da imprensa. A gente pede, vamos aguardar o resultado desses exames, que estão sendo realizados hoje em São Paulo, e então que a gente faça a divulgação desse exame junto com vocês na sede do Dmae.
E o que a população faz até que saia o resultados desses exames?
Nos exames pelo próprio Dmae, que são acompanhados pela Vigilância Sanitária, não há nenhum indício, não há nenhum indicativo que é a água é imprópria para o consumo.
Mas é um pouco difícil tomar água com mau cheiro, não é?
Tu sabes, já tivemos isso em diversos anos, não ocorreu nos últimos anos por questões climáticas, mas já tivemos eventos de algas aqui, certamente a imprensa acompanhou isso. O último foi em 2012, né Hoffman? (Rosário fala com César Hoffmann, secretário-adjunto da Secretaria Serviços Urbanos). O último foi em 2012 de algas no Guaíba que são características do nosso manancial onde é captada a água. A memória mais recente da alteração do odor e do sabor é uma questão vinculada a um produto químico que é algo totalmente diferente do que está acontecendo hoje. Inclusive, o Dmae tem o acompanhamento diário, faz diversos pontos de coleta, em torno de 500 pontos de coleta. Não há na Secretária de Saúde nenhum indicativo, nenhuma identificação dos aumentos dos atendimentos referentes a doenças vinculadas a qualidade da água. Se a nossa água tivesse impropria é possível que tivéssemos surtos de diarreia, surtos de doenças vinculadas à qualidade da água, o que segundo a secretária não está ocorrendo. Você pode ver com eles.
Você disse que isso é cíclico, mas há intenção de, nesta gestão, resolver esse problema da água definitivamente?
Essa é a maior preocupação, nosso maior objetivo, por isso que não quero dar uma questão definitiva. O Dmae está trabalhando, mas isso não é o que gostaria de responder pra vocês. Nós estamos buscando soluções práticas objetivas para saber quais são as alternativas viáveis para que isso no futuro não ocorra.
O Dmae nos apresentará propostas e soluções viáveis, e analisaremos elas, e queremos que a imprensa participe disso.
E o que a gente fala para as pessoas que não podem tomar essa água?
Por que elas não podem tomar água?
É difícil usar água com cor e sabor.
Ela tem cor?
Alguns moradores relatam mudança na cor.
O Dmae esteve em diversos locais, pode ser por questão da rede, da caixa da água. O que os técnicos do Dmae atestam é que a percepção é vinculada ao sabor e ao odor, que seriam tom e sabor terroso e é tradicional de algas, embora esse exame ainda esteja sendo feito no laboratório?
Por que foi decidido enviar as amostras para São Paulo?
Questão do equipamento. O equipamento que era necessário para isso.
Então, com esse acompanhamento do Dmae, vocês certificam que a água é potável?
Sim, isso, já foi atestado, ela segue os requisitos de uma portaria nacional, é potável, é caracterizada como água potável em Porto Alegre. É importante entrarem em contato com Secretaria da Saúde. A vigilância sanitária acompanha os exames do Dmae e não atestou nenhum indício de perigo à saúde pública e da mesma forma não se teve índices aumento de atendimentos por causa da qualidade da água. Sabes da nossa realidade, temos mais de 700 de comunidade irregulares, frutos de invasão, há diversas ligações clandestinas e precárias. Não estou dizendo que não há doenças vinculadas á água em locais onde há ligações irregulares e possível influência do esgoto cloacal, evidentemente, que isso acontece em Porto Alegre e outros municípios, mas não houve esse aumento de doenças vinculadas à água nos nossos postos de saúde.
Você continua usando e bebendo a água?
Tu sabes que a minha mulher teve a percepção do sabor e do odor, eu não tive. O próprio Hoffmann nos coloca que isso varia de pessoa para pessoa. Há pessoas que identificaram e outras que não.
Então você continua usando normalmente?
Mas eu não identifiquei esse sabor na água, mas minha mulher, sim.
Mas e você?
Eu estou usando normalmente, mas eu atesto que não há, pelos exames realizados pelo departamento, junto com a Vigilância, indício de perigo à saúde pública.