Quem mora ou trabalha no entorno do Estádio Olímpico, em Porto Alegre, não pôde cumprir a promessa de estar com o Grêmio onde o Grêmio estiver. E, de preferência, também não segue à regra o primeiro verso do hino, evitando caminhar pela região.
– Hoje, eu entro em casa às sete e pouco e não saio mais – afirma o eletricista Luiz Brito, 38 anos, relatando que antes havia mais policiais na região, além de seguranças do clube e melhor iluminação das ruas.
Leia mais:
Vizinhança do Olímpico convive com abandono e sensação de insegurança
Moradores não veem perspectivas em projetos para a área do Olímpico
Patrique Réus de Oliveira Veiga, 33 anos, faz coro à voz do vizinho.
– Ninguém sai muito para a rua, com medo de ser assaltado. O cara tem medo de esperar o ônibus, porque tem muitos bandidos aqui – diz Patrique, que frequentou o Olímpico desde os cinco anos e hoje trabalha em uma metalúrgica na Avenida Carlos Barbosa, em frente ao Ginásio David Gusmão, parte do complexo.
Titular da 2ª Delegacia de Polícia (DP), Cesar Carrion atesta que na região aumentou a incidência, principalmente, de roubos a pedestres. Para piorar, há pessoas que escalam as grades do estádio para entrar no local. O capitão Alex de Souza Mori, comandante da 1ª Companhia do 1º Batalhão de Polícia Militar (BPM), afirma que o estádio, que já foi palco de centroavantes matadores como Alcindo, André Catimba e Baltazar, virou "esconderijo de delinquentes".
– As pessoas entram e saem livremente. Isso possibilita que durmam lá, escondam objetos ilícitos, consumam entorpecentes. Não se tem preocupação de impedir o acesso daquelas pessoas, e isso facilita o aumento do índice de criminalidade no local – ressalta.
O capitão garante que a Brigada Militar tem atuado na região, citando como exemplo a prisão de três homens por posse ilegal de armas e entorpecentes na última quinta-feira, em área próxima ao Olímpico. Ele afirma que os indivíduos realizavam roubos nos entornos do estádio.
Segundo Luiz Moreira, assessor especial da presidência do Grêmio, 13 seguranças se revezam 24 horas por dia na área do Olímpico. Ele não nega que já ocorreram casos de invasão para tentativas de roubo de entulho, mas garante que o local não é frequentado por usuários de drogas.