A casa noturna Cucko, localizada na Rua General Lima e Silva, no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, teve que ser evacuada na madrugada deste sábado, após supostamente spray de pimenta ser lançado no ar de uma das pistas.
Por volta de 2h30min, o lançamento da substância na pista principal, localizada no primeiro andar do estabelecimento, causou irritação e mal-estar em frequentadores, que precisaram de atendimento médico.
– O pessoal começou a passar mal na hora. Tossindo muito, garganta ardendo – contou a redatora Gabriela Casanova, que precisou levar uma amiga ao Hospital de Pronto Socorro (HPS).
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Assim como Gabriela, uma professora de 27 anos, que prefere não se identificar, contaram que, mesmo com as pessoas passando mal, saídas foram bloqueadas por seguranças da festa.
– Estava no bar de baixo, perto da saída de emergência, quando comecei a sentir uma coisa na garganta, muito forte. Muita gente saiu correndo e gritava: "Sai, sai! É gás, é gás!". Fui até a porta de emergência e o segurança não deixou sair, porque tinha que pagar. Eu disse que já tinha pago, mas minha namorada não. Ela sofre de bronquite e asma, estava muito mal, quase desmaiando. E mesmo assim tivemos que subir (para o andar de cima), enfrentar fila, para conseguir sair – disse a professora, que também foi até o HPS.
No hospital, segundo ela, diversas pessoas deram entrada com sintomas semelhantes e tiveram que passar por nebulização. Uma delas foi a estudante de Ciência da Computação Larissa Salerno, 19 anos, que ficou no hospital até as 5h.
– Eu estava tão sufocada que saí e simplesmente caí no chão. Eu mal conseguia caminhar e me barraram dizendo que eu teria que pagar a comanda. Isso foi um absurdo. Paguei a comanda e fomos ao HPS – conta ela. – Depois disso tudo, disseram que a casa já estava segura e continuaram com a festa.
O estudante de Estatística Filippo Petroli, 19 anos, fez um relato diferente. Segundo ele, que também estava na pista central, a saída foi rápida e facilitada pelos vigilantes.
– Fui um dos últimos a sair e não tive nenhum problema, não vi nenhum caos. Em momento algum me exigiram o pagamento da comanda. Os seguranças até indicaram as saídas. Do lado de fora, na garagem, nos forneceram água de graça – afirma Filippo.
A Cucko divulgou uma nota de esclarecimento em seu perfil no Facebook (leia abaixo) em que diz que os 398 presentes foram removidos "em menos de dois minutos", inclusive sem a cobrança da comanda. A mesma versão foi confirmada pela advogada da casa noturna, Adrianne Vasconcellos.
– A casa foi evacuada imediatamente – garantiu a defensora, acrescentando que o estabelecimento preza pela segurança dos clientes. – Faz controle de identidade, temos 10 seguranças nossos e outros 10 freelancers, 25 câmeras, tem detector de metal, temos todo o cuidado. Mas um spray de pimenta não apita.
Questionada sobre se há revista, a advogada disse que o procedimento "é complicado", mas que todo o lugar é monitorado e que o fato é completamente "atípico". Com relação às comandas, ela garante que o pagamento não foi requisitado e que a forma de cobrança pode ser revista após esse fato.
Conforme Adrianne, os donos da Cucko foram até a delegacia de polícia na tarde deste sábado para registrar ocorrência e colocar todas as imagens à disposição na intenção de identificar quem causou o tumulto. A substância também precisa ser confirmada. Frequentadores e a própria advogada afirmam que se tratava de spray de pimenta.
ZH tentou contato com a Brigada Militar e com a Polícia Civil, mas os responsáveis não tinham informações sobre o caso no final da tarde deste sábado.
O estabelecimento, conforme informado na nota, vai abrir normalmente na noite deste sábado. A assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Indústria e Comercio (Smic) disse que neste caso não cabe fiscalização, pois é uma ocorrência policial. A informação sobre se a casa está em dia com os documentos de funcionamento não havia sido confirmada pela Smic até as 21h.
*Zero Hora