A sessão que retoma a votação do projeto de lei do Executivo que regulamenta os aplicativos de transporte individual de passageiros na Capital – como o Uber, o Cabify e o WillGo – será retomada nesta quinta. A expectativa de taxistas e motoristas dos apps é por uma definição sobre o tema.
– Esperamos que o resultado seja positivo. Temos conhecimento de quase todas as emendas. Conversamos com os vereadores e pedimos a modificação e até exclusão de algumas delas – diz o presidente interino da Associação dos Motoristas Privados e de Tecnologia (Ampritec), Marcio Sierote.
O Sindicato dos Taxistas de Porto Alegre (Sintáxi) afirma compartilhar do desejo pela regulamentação.
– Colocamos emendas no projeto junto aos vereadores, e esperamos que eles as aprovem – disse o diretor administrativo Adão Ferreira de Campos.
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As classes, no entanto, têm interesses diferentes e, para ganhar apoio, representantes têm feito campanha para validar seus argumentos. O Sintáxi lançou em setembro um aplicativo gratuito que permite solicitar corridas, avaliar o serviço com notas de um a cinco, escolher se quer viajar com motorista homem ou mulher, entre outras opções. Para garantir que o atendimento oferecido ao passageiro seja de qualidade, foi estabelecido uma política rigorosa: após ser avaliado três vezes com nota abaixo de quatro, o taxista será excluído do aplicativo.
Já o Uber, desde a madrugada de 6 de setembro, diminuiu o valor das viagens de UberX em 20%. A queda no preço-base da corrida pelo aplicativo fez com que o serviço passasse a concorrer também com o transporte público da Capital, o que gerou reclamações por parte da Associação dos Transportadores de Passageiros por Lotação (ATL), que afirma que, no seu setor, não é possível reduzir a tarifa para tornar o serviço mais competitivo por causa de uma série de tributações e obrigações.
Com a mesma reclamação, Gustavo Simionovschi, diretor-executivo da Associação dos Transportadores de Passageiros de Porto Alegre (ATP), destaca que o número de usuários pagantes dos ônibus está 7,35% abaixo do esperado neste ano, queda que pode estar relacionada à operação do aplicativo. Para o diretor-presidente da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), Vanderlei Cappellari, a redução do preço básico aponta para concorrência desleal.
Estratégias para fidelizar a clientela
Além de estratégias para conquistar os usuários, e do lançamento do app, o Sindicato dos Taxistas de Porto Alegre (Sintáxi) tem feito campanhas em rádio e televisão focando na qualidade e na confiabilidade do serviço. Em contrapartida, o Uber tem usado como artifício um aviso direto no aplicativo. Desde segunda-feira, quem solicita uma corrida em Porto Alegre depara com uma modalidade nova, o NovoUBER. Quem tenta chamar não consegue, mas é direcionado a uma página que explica o que pode mudar com o projeto que, "na forma como está hoje, cria uma série de prejuízos aos usuários e motoristas parceiros dessas plataformas". Para a empresa, a aprovação de algumas emendas pode ocasionar um maior tempo de espera, um serviço mais caro e maior dificuldade em conseguir um carro.
A votação
Em 29 de setembro, os vereadores começaram a discutir a proposta e votaram a emenda de número 1, que foi aprovada. Ela permite a instalação de equipamentos de áudio e vídeo para gravação das viagens no Uber. Foram apresentadas 57 emendas ao projeto, sendo que a de número 52 foi retirada pelo próprio autor, o vereador Clàudio Janta (SD). Restaram 55 emendas para serem votadas na sessão de hoje.
O início da sessão está previsto para as 9h30min e deve ter prosseguimento durante a tarde. A partir das 8h30min, serão distribuídas, na portaria do prédio principal, 200 senhas para representantes dos motoristas de aplicativos e para os taxistas ingressarem nas galerias do plenário.
Em relação à segurança, assim como na última sessão, será montado um esquema especial para a retomada das discussões com atuação de seguranças da Casa e terceirizados, além de guardas municipais.