Quem busca atendimento nas emergências de boa parte dos hospitais da Capital pode enfrentar uma jornada difícil e desoladora em função da superlotação. Com 147 pacientes, quando sua capacidade é de 64 leitos, a emergência do Hospital Conceição, na Zona Norte, anunciou que voltou a atender apenas casos graves nesta terça-feira, das 10h às 22h.
As emergências do Hospital São Lucas e da Santa Casa também registravam atendimento restrito ao longo do dia. No Hospital de Clínicas, o sistema de atendimento ainda não havia tido alterações até a tarde, mas não quer dizer que a situação está melhor: a emergência atendia 149 pacientes adultos para 41 leitos e seis crianças para nove leitos pediátricos.
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Tatiane Bescoff, 34 anos, não deixou de conseguir atendimento para sua filha de 15 anos, com suspeita de infecção nos rins. Chegaram ao Hospital Conceição por volta das 13h e conseguiram fazer exames de sangue, urina e tomografia até às 15h. Mas ela relata que a situação é precária para os pacientes que precisaram ser internados na emergência – conta que era necessário andar de lado no corredor para conseguir passar pelo aglomerado de pessoas.
A vendedora Alexsandra Garcia Correa, 43 anos, conta que sua filha, que também tem 15 anos, está recebendo medicamento na veia sentada na ala de emergência do Conceição desde a noite de domingo. Para dormir, a menina se apoia no ombro da mãe ou se deita sobre um cobertor no chão do hospital.
– Não tem leito... É horrível – resume.
A assessoria de comunicação do hospital afirma que, desde novembro do ano passado, vem ocorrendo restrição a atendimento em momentos pontuais. Ainda de acordo com o Conceição, o fenômeno da superlotação é "multicausal", mas pode-se perceber um aumento nos atendimentos que acabam necessitando internação hospitalar, que provavelmente antes eram absorvidos por outros serviços da rede municipal ou nos municípios de origem dos pacientes.