Entre ferros e caminhões, aproximadamente 20 homens trabalham sem folga desde o fim de março em um terreno localizado na Lomba do Pinheiro, quase no limite com Viamão. Eles constroem as fundações do primeiro hospital veterinário público de Porto Alegre, a Unidade de Medicina Veterinária Kate, que tem prazo de entrega estimado para outubro. Apesar de a obra andar em ritmo acelerado, a Secretaria Especial dos Direitos Animais (Seda) ainda não definiu nenhum aspecto da gestão da instituição.
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O prédio de 1,6 mil m² está sendo erguido em um terreno que já pertence à Seda e que atualmente abriga a Unidade de Medicina Veterinária, bem menor do que a futura. A nova estrutura deve garantir a internação de 150 animais, o que ampliaria em cinco vezes a capacidade atual de atendimento à comunidade.
– Temos uma estrutura pequena, que limita o atendimento. Tentamos atender da melhor forma possível. O hospital vai permitir a ampliação dos serviços e aumentar as esterilizações, que, em termos de controle populacional, é o que dá mais resultados – avalia a secretária-adjunta da Seda, Fabiane Tomazi Borba.
Depois de pronto, o local contará com cinco salas de cirurgia, UTI, setor de quimioterapia, banco de sangue, laboratórios e atendimento especializado de ortopedia, neurologia, dermatologia e cardiologia. Além disso, o horário de atendimento será maior, das 8h às 22h, o que garantirá que mais animais sejam atendidos. Todos os procedimentos serão gratuitos, e a prioridade será o tratamento de cães sem tutores ou que pertençam a famílias pobres. A ideia é que o hospital veterinário também funcione como um ponto de adoção.
Homenagem a mascote como contrapartida
Para sair do papel, o projeto contou com o investimento de R$ 6 milhões do empresário gaúcho Alexandre Grendene, que, em contrapartida, pediu que o nome da instituição prestasse uma homenagem a sua cachorrinha de estimação, Kate, uma bichon frisé de 11 anos. O empresário avisou que só se pronunciará sobre o hospital na inauguração da instituição, mas sua esposa, Nora Teixeira, revelou que o investimento nasceu do amor dele pela mascote inseparável do casal, que costuma acompanhá-los até em viagens.
– Ele começou a ver que quase ninguém fazia nada pelos cachorros, que poucos ajudavam os canis. Em uma conversa com Regina Becker, surgiu a ideia de construir o hospital – explicou.
Emocionada com o gesto do marido, Nora afirmou que o investimento poderá salvar a vida de muitos bichos, além de contribuir para a diminuição do número de cães abandonados nas ruas por meio de controle populacional com as castrações.
– Vamos entregar o hospital pronto e equipado. Sabemos que há vários veterinários oferecendo um turno de trabalho voluntariamente, para ajudar os cachorros abandonados – completa.
Idealizadora da Seda, Regina Becker Fortunati, que hoje ocupa uma cadeira na Assembleia Legislativa, comemora a construção:
– É a continuação e o coroamento de tudo o que fizemos.
Obra privada com gestão pública
O hospital terá gestão da prefeitura, mas os detalhes ainda não foram definidos. A única certeza é de que o local será mantido com recursos da Seda, que, neste ano, teve orçamento em em torno de R$ 8,3 milhões. Um grupo formado por representantes do governo municipal e médicos veterinários tem discutido o tema e avalia número de atendimentos e custos das atividades.
– Tudo isso está no orçamento da secretaria – garante a secretária-adjunta Fabiane Borba.
Na quarta-feira, o UniRitter também começou a obra de um hospital veterinário em Porto Alegre. O espaço funcionará na Avenida Manoel Elias. Entre os diferenciais desse empreendimento, que deve ficar pronto no segundo semestre deste ano, está o atendimento especializado a animais silvestres, com área para tratamento e permanência temporária de animais silvestres. Haverá nutrição clínica, etologia clínica, reabilitação e fisioterapia, sala de quimioterapia e pet shop, dentre outros serviços.