Quatro caminhões hidrojato, duas bombas de sucção, um caminhão-bomba e 40 operários fazem parte da "operação de guerra" coordenada pelo Departamento de Esgotos Pluviais (DEP) na tarde desta sexta-feira no bairro Praia de Belas, na Capital. Esta é a quinta tentativa de dar vazão à água que há mais de duas semanas toma conta de ruas nos arredores da Praça Espanha, incluindo a movimentada Avenida Praia de Belas.
Desta vez, o objetivo é sugar parte da água que retorna da rede de abastecimento, represada pelo Arroio Dilúvio devido à cheia do Guaíba. Essa água está sendo levada para outra rede com capacidade de bombeamento. Além disso, os hidrojatos estão sendo usados para limpar os encanamentos.
Além de o sistema no bairro ser antigo - e, por isso, não está ligado a nenhuma casa de bomba -, o problema é agravado pelo lixo. Garrafas pet, restos de obras, lodo, areia, galhos e animais mortos estão barrando a passagem da água pela rede. Com isso, ela não tem vazão e tem invadido residências e bares e coberto ruas no Praia de Belas.
Segundo a professora aposentada Laura Souza, 67 anos, que mora há pelo menos 50 anos no prédio de numero 42 da Rua Ismael Chaves Barcelos, não é inédito o alagamento da região - mas nunca foi tão frequente e duradouro.
- Antigamente, a gente tinha que sair de carroça daqui. Agora, a gente fica em casa - brinca. - Falando sério, a gente tem que fazer toda a volta no quarteirão e sair pela Aureliano, porque a garagem está interditada.
O único carro no subsolo do prédio é de um morador que está viajando. O Punto foi invadido pela água. Para entrar no edifício, os próprios moradores improvisaram uma pinguela feita de madeira e tijolos. E grande parte trocou os sapatos por galochas.
Pinguela improvisada pelos moradores Foto: Félix Zucco
O diretor do DEP, Tarso Boelter, conta que outras quatro tentativas já foram feitas para tentar solucionar o problema. Três delas com caminhões hidrojatos e a quarta, feita nesta madrugada, usando um mergulhador no Arroio Dilúvio, para tentar desobstruir a saída da rede de abastecimento. Nenhuma resolveu o problema. Nesta quinta investida, os operários ficarão "até resolver", diz Bolter.
- O problema é que o Guaíba está subindo, e a previsão é de que volte a alagar - estima.
Uma obra emergencial está sendo estudada: a inversão de cerca de 60 metros da rede, entre a Barão do Gravataí e a Aureliano Figueiredo, fazendo que esse trecho esteja ligado a uma das casas de bomba. Ainda não há valor e fonte do investimento previstos.