O banho que Maurício Padia da Silva, 38 anos, tomou na manhã desta segunda-feira no Dilúvio em nada tem a ver com os mergulhos que dava três décadas atrás - costumava saltar da ponte para nadar próximo à Avenida Érico Veríssimo quando criança. Um dos 25 garis que participam da operação de limpeza do arroio, realizada por cooperativa a serviço do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), Maurício acabou caindo dentro da água quando o galho sobre o qual se apoiava para pegar o bote quebrou.
- Há 30 anos, o cara tomava banho e não dava nada. Agora tá aqui: puro esgoto - diz, mostrando a roupa suja. - Sem contar que está fedendo.
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A limpeza de superfície deve durar cerca de 50 dias, com a remoção de resíduos sólidos entre as pontes das avenidas Edvaldo Pereira Paiva e Antônio de Carvalho. Neste ano, é a segunda grande ação realizada: entre fevereiro e março, foram removidas 15,5 toneladas de lixo, que se somam às mais de 450 toneladas retiradas em 2013 e 2014. Além do descarte direto, a sujeira do Dilúvio provém de ligações irregulares de esgoto e resíduos arrastados pela água da chuva.
Na manhã desta segunda-feira, a equipe encontrou até um cachorro morto dentro de uma sacola de lixo. Os operários contam que, em limpezas anteriores, já acharam colchões, bicicleta, sacos com seringas, pneus, roupas, sofá, cama, carrinho de supermercado, grande quantidade de garrafas pet e até banheira de hidromassagem:
- Bah, foi um caos para tirar de dentro, um peso do cão - lembra Antônio Freitas.
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Para ele, se os moradores tivessem que fazer o trabalho que ele faz, pensariam duas vezes antes de poluir.
- Com certeza, eles iam se conscientizar - afirma.
Conforme o Novo Código de Limpeza Urbana, jogar, descartar ou abandonar resíduos nas margens ou dentro de rios, córregos e arroios é considerado infração gravíssima, e o infrator fica sujeito a multa de R$ 4.757,62.
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*Zero Hora