No cotidiano, vida de pedestre, usuário de transporte público e ciclista costuma ser difícil. No dia dedicado a pensar alternativas de mobilidade, a situação tornou-se ainda mais complexa por causa da chuva e da manifestação de servidores públicos, que trancou as principais entradas da cidade e deixou o trânsito caótico nas maiores avenidas da Capital.
Quando devia estar sendo celebrada, a bicicleta foi guardada na garagem e raros foram os ciclistas vistos nas ciclovias, ruas e calçadas nesta terça-feira, Dia Mundial Sem Carro. Pelo contrário: na parte da manhã, devido à chuva e ao bloqueio de avenidas como a Mauá e a Legalidade, o que se viu foram quilômetros de congestionamentos e motoristas estressados.
Na manhã desta terça-feira, a reportagem do Pelas Ruas ouviu motoristas, pedestres e usuários do transporte público para saber que tipo de reflexão foi trazida pelo transtorno matinal. Perguntamos ainda se é possível viver sem carro em Porto Alegre, cidade cuja frota de veículos é 816 mil, o equivalente a um carro para duas pessoas em média, de acordo com dados do Detran.
Marcas amarelas intrigam pedestres nas ruas da Capital
Dentre os entrevistados, a maioria se diz saturada com o excesso de congestionamentos e garante pensar em alternativas. Muitos dos críticos admitem possuir carro.
- Eu tenho carro mas prefiro vir de trem para Porto Alegre. Além de economizar no combustível e no estacionamento, não me preocupo com trânsito muito intenso, como o de hoje - diz a comerciante Vanda Maria Silveira da Rosa.
O padeiro João Dornelles concorda. De olho na economia, ele prefere usar o ônibus para vir de Arroio dos Ratos. Enquanto isso, o automóvel fica na garagem:
- Pagar gasolina está muito caro. Prefiro usar o ônibus e aproveitar que não pago passagem. Assim não gasto muito.
No caso do taxista Rafael Fonseca dos Santos, o que fala mais alto é o tempo. Para ele, 15 minutos economizados com o veículo são preciosos, e justificam o gasto com combustível.
- Não tem como ficar sem carro. Se vai pegar ônibus, é muita demora, não vale a pena.
Advogada e professora universitária, Maria Inês Bittecourt gosta de andar de bicicleta e acredita no transporte público. Mas tanto no Dia Mundial Sem Carro como nos demais dias do ano, ela lamenta ter que deixar a magrela em casa em nome da rotina corrida e da praticidade. Para ela, a data serve como reflexão de uma prática que, em verdade, só consegue aplicar nos finais de semana.