Sem a participação de policiais civis e militares e marcado por protestos contra os governos federal e estadual, o tradicional desfile de 7 de setembro foi diferente neste ano em Porto Alegre.
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A solenidade começou pouco depois das 10h, quando o governador José Ivo Sartori acessou a área isolada da Avenida Edvaldo Pereira Paiva, a Beira-Rio, e deu início ao evento com a cerimônia de hasteamento de bandeiras - ao lado dele, estavam o general Antônio Hamilton Martins Mourão, comandante militar do sul, e o vice-prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo.
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Em seguida, passaram a desfilar os grupos que, nas contas do Comando Militar do Sul, seriam 41. No entanto, diferente do que estava na programação, o roteiro teve buracos: em protesto contra o parcelamento dos salários, tropas da Brigada Militar e a Polícia Civil não pisaram na avenida. Representantes do Corpo de Bombeiros e do Comando Rodoviário da Polícia Militar foram em poucos carros. Na estimativa do Comando, quatro mil pessoas passaram pela Beira-Rio.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Agentes da Polícia Civil (Ugeirm), Isaac Ortiz, "não havia clima" para corporação participar do desfile:
- O nosso pessoal está indignado. Além do parcelamento dos salários, tem essa criminalidade crescente, assustadora. E o governo inerte. Desfila para que com tudo isso acontecendo?
Cerca de uma hora depois, quando o desfile chegou ao fim, um grupo de mulheres de policiais militares tentou entrar na área destinada ao desfile, mas foi contido por militares que formavam um paredão. Elas carregavam faixas com dizeres como "Acorda população! O governador tem segurança, vocês não" e "Quem fragiliza a polícia apoia o bandido".
- Estamos ansiosas e nervosas. Não descartamos a possibilidade de ocupar novamente os quartéis - diz a presidente da Associação de Esposas de Policiais Militares do Estado (AESPPOM/RS), Claudete Valau.
As mulheres só tiveram a passagem liberada após autoridades do Estado e do Exército deixarem os palanques instalados na avenida. O governador José Ivo Sartori saiu em seu carro oficial sem dar entrevista. A imprensa tentou aproximação, mas foi barrada por militares.
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Na sequência, outro grupo protestou, pedindo a intervenção militar. Vestidos de verde e amarelo e com faixas contra o comunismo, os manifestantes bradavam:
- A nossa bandeira jamais será vermelha.
Ainda que as arquibancadas instaladas nos dois lados da avenida estivessem lotadas, era possível encontrar sem dificuldades locais para assistir ao desfile próximo às grades de proteção, que isolavam a área do público da do desfile.
Por ali, sobre uma cadeira que garantia altura, estava Maria Eduarda da Silveira, 9 anos. Grudada à grade, ela sorria e comemorava a passagem de todos os grupos - tanto que foi difícil escolher o preferido.
- Os carros, a cavalaria, os escoteiros... tudo! - respondeu.
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Bruna Scirea
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