O Brasil segue firme na liderança mundial em reciclagem de latas de alumínio, posto do qual é rei desde 2001. O reaproveitamento no país chega a 97,9%, segundo o estudo Indicadores de Desenvolvimento Sustentável Brasil, divulgado pelo IBGE na sexta-feira passada. Mais do que conscientização ambiental, a reciclagem está ligada ao valor do material. Quem recicla, garante: latinha de alumínio é ouro!
Na Cooperativa de Educação Ambiental e Reciclagem Sepé Tiaraju, na Zona Norte da Capital, a importância de revender as latas é tanta, que o dinheiro arrecadado com elas serve para pagar o INSS mensal de 25 cooperativados. O preço médio é R$ 3, o quilo. No verão, quando o consumo é maior, a cooperativa consegue arrecadar cerca de 800kg por mês. No inverno, não passam de 600kg.
- De latinha a panelas, o alumínio sempre foi o material mais disputado. É o nosso ouro! - confirma a coordenadora da cooperativa Núbia Luísa Vargas dos Santos, 27 anos.
Filha de recicladores, Núbia estudou só até a quarta série e sempre trabalhou na mesma área dos pais. Ela afirma tirar da reciclagem o sustento para os dois filhos - de dois e oito anos. Por mês, Núbia recebe R$ 1,2 mil.
- Não me considero lixeira, sou recicladora. Tenho orgulho do meu trabalho porque estou ajudando a melhorar o meu planeta. Se mais as pessoas tivessem consciência da importância de selecionar o material, teríamos menos problemas no meio ambiente - acredita Núbia.
A coordenadora de reciclagem Núbia Luísa Vargas dos Santos e o primo Flaubiano Rodrigues da Cruz | Foto: Mateus Bruxel
Ciclo rápido
Segundo a Associação Brasileira do Alumínio, os 97,9% correspondem a 267,1 mil toneladas de sucata de latas recicladas, o mesmo que 19,8 bilhões de unidades, ou 54,1 milhões por dia ou 2,3 milhões por hora.
Hoje, o ciclo da lata de bebida se completa em 30 dias: ela é comprada, utilizada, coletada, reciclada, envasada (cheia de líquido) e volta às prateleiras para o consumo.
Na prensa, Flaubiano Rodrigues da Cruz, 27 anos, um dos cinco familiares de Núbia que vive da reciclagem, vê as latas completarem o ciclo antes de voltarem ao comércio. Desde guri, ele vive do recolhimento do que é descartado pela maioria.
- Consigo tirar o salário suficiente para sustentar meus três filhos e ainda ajudo o meio ambiente - diz, faceiro.
Tesouro no lixo
* Em 2012, o país reciclou 508 mil toneladas de alumínio. Desse total, 267,1 mil toneladas referem-se à sucata de latas de alumínio para bebidas, o que corresponde a 97,9% do total de embalagens consumidas.
* O Brasil é o oitavo maior produtor de alumínio primário, precedido pela China, Rússia, Canadá, Estados Unidos, Emirados Árabes, Austrália e Índia.
* O alumínio pode ser reciclado infinitas vezes, sem perder as suas características no processo de reaproveitamento, ao contrário de outros materiais.
* O alumínio pode ser reciclado tanto a partir de sucatas geradas por produtos de vida útil esgotada, quanto por sobras do processo produtivo.
* Utensílios domésticos, latas de bebidas, esquadrias de janelas, componentes automotivos, entre outros, podem ser fundidos e empregados novamente na fabricação de novos produtos.
* Um quilo é formado por 75 latinhas de alumínio.
* O preço médio do quilo é de R$ 3.
Na Capital
* Em 25 anos de coleta seletiva em Porto Alegre, o DMLU recolheu 15,6 mil toneladas de metais - incluindo latinhas de alumínio.
* Os caminhões do DMLU coletam os resíduos recicláveis em 100% dos bairros e os encaminham para as 19 unidades de triagem (UT) conveniadas. Nesses locais, os trabalhadores fazem a separação (plásticos, papel, embalagens longa vida, vidro, isopor, garrafas plásticas), prensam, agrupam em fardos e negociam autonomamente a venda desses materiais para a indústria de reciclagem e/ou reaproveitamento.
* 15,6 mil toneladas de metais em Porto Alegre foram recolhidas em 25 anos de coleta seletiva em Porto Alegre.
* Segundo o programa de inclusão na reciclagem Somos Todos Porto Alegre, ao menos 4 mil pessoas na Capital vivem da reciclagem.
Fonte: Associação Brasileira do Alumínio, Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade e DMLU
*Diário Gaúcho