Era uma obra prometida para maio de 2014, antes da Copa do Mundo, mas será bem recebida pelos porto-alegrenses no dia do aniversário da cidade, celebrado amanhã. Com quase um ano de atraso, a liberação do nível superior do viaduto São Jorge, sobre a Avenida Bento Gonçalves, representa o retorno dos carros a um dos cruzamentos mais movimentados da Terceira Perimetral. É um alívio para os motoristas que, há dois anos, gastam 10 minutos a mais nos desvios na região.
A partir de amanhã, os carros poderão transpor direto a Avenida Bento Gonçalves, não precisando mais encarar sinuosos contornos para cruzar a avenida. Os ônibus ainda terão de continuar usando os desvios até abril, promete a prefeitura. Depois, terão acesso ao nível intermediário, em um terminal que reunirá a segunda maior integração de ônibus da Capital, com cinco linhas transversais e mais de 35 linhas comuns por dia. Em volume de movimento, perderá apenas para o Terminal Triângulo, na Avenida Assis Brasil.
Foto: FERNANDO GONDA / ARTE ZH
Além da economia no tempo, a mudança reduzirá o fluxo nos atuais desvios. Segundo o diretor-presidente da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) Vanderlei Cappellari, isso fará com que os ônibus gastem menos tempo nas vias secundárias.
- Foi um dos desvios mais complicados já realizados pela EPTC. Prejudicou muito o trânsito na região - explica o diretor
Por dia, são 90 mil veículos no cruzamento. O prefeito José Fortunati não estima uma data para a liberação do viaduto. Representantes da prefeitura, entretanto, ainda acreditam que seja possível que ocorra na primeira metade do ano. O entrave é a finalização negociações com a Brigada Militar (BM) em relação à liberação das áreas para a construção de um acesso ligando as avenidas Bento Gonçalves e Aparício Borges.
- Buscamos uma solução que não prejudique a essência do projeto - afirma o prefeito.
Além disso, ainda é preciso remover três famílias residentes entre as avenidas Ipiranga e Bento Gonçalves para dar continuidade à obra nas vias laterais. A prefeitura argumenta que há resistência das famílias na negociação - as soluções oferecidas incluem bônus-moradia e realocação para uma área na própria Bento Gonçalves. O atraso na entrega da obra é atribuído pelo prefeito também à demora nos repasses do governo federal, à reelaboração do projeto e à negociação com o Exército para utilizar áreas.
Coordenador técnico das obras de mobilidade urbana da Secretaria Municipal de Gestão, o engenheiro Rogério Baú explica que, dos quatro alargamentos necessários para a terceira fase da obra, os acessos laterais, três foram negociados, faltando o entrave coma BM. Entre as vantagens da obra, de acordo com ele, está a transformação dos semáforos para veículos em travessia de pedestres.
Na avaliação de João Fortini Albano, engenheiro de transportes da UFRGS, a obra ajudará a desatar um dos nós da cidade. Apesar da demora, a concepção em dois níveis foi uma solução assertiva diante da dificuldade de desapropriação.
- O aproveitamento dos espaços permitiu o estreitamento da obra sem prejudicar as funções de uso da via - afirmou.