A prefeitura de Porto Alegre decidiu, nesta quinta-feira, retirar os pacientes que hoje são atendidos no Hospital Parque Belém, na zona sul da Capital. Além disso, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) suspenderá o envio de novos pacientes, que seriam encaminhados à instituição através da Central de Regulação. As informações são da Rádio Gaúcha.
A situação se agravou depois que a SMS foi informada pela equipe de médicos que trabalha na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) da instituição de que não haverá mais atendimento na unidade a partir de sábado. A secretaria afirma não ter recebido qualquer manifestação oficial da direção do hospital.
O secretário-adjunto da SMS, Diego Leite, explica que, nessas condições, não há estrutura suficiente para garantir o bom atendimento à população.
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- Não adianta ter somente a cama arrumadinha para receber o paciente. É preciso ter médico, ter medicação. É preciso ter o mínimo de estrutura de retaguarda, como UTI e bloco cirúrgico, para que a gente consiga atender bem o paciente integralmente. E pelas, informações que chegam à Secretaria da Saúde, o hospital não tem essa estrutura - explicou.
Atualmente, o Parque Belém tem 47 pacientes encaminhados através da prefeitura: dois na UTI, 13 na enfermaria e 32 na ala psiquiátrica.
A supervisora-geral do Hospital Parque Belém, Claudia Abreu, diz que ficou sabendo pela mídia que o encaminhamento de pacientes seria suspenso:
- A Secretaria diz que não recebeu manifestação oficial da direção mas nem eu nem o diretor técnico do hospital fomos procurados.
Claudia informa ainda que nenhum profissional do quadro procurou a direção para reportar falta de material. Ela admite que o hospital tem trabalhado com estoque reduzido e que as compras têm sido controladas, pois, apesar do esforço feito para reverter a situação, as dificuldades financeiras enfrentadas nos últimos meses não se resolvem de forma imediata. No entanto, a supervisora garante que não há qualquer risco de escassez de insumos e afasta a possibilidade de fechamento da UTI.
Após as notícias divulgadas pela imprensa, a direção do hospital encaminhou ofício à SMS com as escalas de trabalho e a planilha de estoque, a fim de esclarecer que o hospital tem totais condições de manter o atendimento.
Quanto ao parcelamento do 13º salário, que motivou protesto de funcionários na manhã desta quinta-feira, a supervisora confirma que a proposta foi feita ao sindicato, segundo ela, para não comprometer a folha de pagamento mensal, que está em dia.
O Parque Belém, com 242 leitos, passa por uma crise financeira. Em agosto do ano passado, reabriu 50 das vagas, que estavam fechadas. Em dezembro, reportagem de ZH mostrou que a instituição tinha leitos ociosos para atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Em uma audiência convocada pela Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos do Ministério Público do Estado foi acertada a retomada do encaminhamento de pacientes pela central de regulação da SMS, que havia determinado suspensão porque a instituição não vinha oferecendo condições de atendimento com qualidade e segurança.
Segundo o secretário municipal da Saúde, Carlos Henrique Casartelli, os repasses para o Parque Belém estão em dia - em dezembro, foram R$ 602,2 mil - e há interesse em manter a instituição na rede de atendimento do SUS, mas o hospital não estaria executando o que foi acertado.