A dona de casa Regenea da Silva Caetano, 53 anos, fez diferente da maioria dos frequentadores da Feira do Livro. Em vez de sair da Praça da Alfândega levando algumas aquisições, chegou ao local carregando um bolsa com cinco títulos.
O destino já estava previsto: uma das caixas de doações de livros.
Regenea seguiu a orientação do seu professor do curso de Administração, voluntário da Parceiros Voluntários, que lhe deu a dica do ponto de coleta.
- Eu já havia lido todos esses livros, e estavam parados na estante. Resolvi fazer a doação para que, em vez de ficarem guardados, mais pessoas possam ler - contou Regenea, ao fazer a entrega.
Ela foi apenas uma das leitoras que aproveitaram os tempos de Feira do Livro para repassar títulos que estavam parados em casa. Regenea colaborou para o Banco de Livros, iniciativa da Fiergs criada em 2008 que integra a Fundação Gaúcha de Bancos Sociais e que, na Feira, conta com o incentivo da Parceiros Voluntários. Despertar a consciência para a doação de livros é uma das missões de Waldir da Silveira, presidente do Banco de Livros:
- Leve uma sacolinha de livros usados para a Feira e volte para casa com outra de livros novos comprados.
Além do estande da Parceiros, o Banco de Livros conta com mais quatro pontos de coleta na Feira: na Praça de Autógrafos, na entrada do Memorial do Rio Grande do Sul, no posto de informações da Área Internacional e no posto de informações da Área Infantil e Juvenil. Até ontem, em sete dias de evento, o projeto arrecadou cerca de 1,3 mil livros. Para o Banco de Livros, o ideal são doações de títulos infantis e infantojuvenis.
- Esses livros são os mais solicitados pelas instituições - explica a bibliotecária do Banco, Neli Miotto.
Até o próximo dia 10, o objetivo é reunir todas as obras arrecadadas para montar a "Montanha do Saber". As doações depois serão repassadas para instituições do Estado, como creches, hospitais e unidades penitenciárias.
Outra iniciativa na Feira do Livro é o Intercâmbio de Livros, na Casa RBS. Funciona assim: você leva um livro e pode trocar por outro. Até ontem, já haviam sido realizadas mais de mil trocas. A jornalista Marli Calbo Ramos, 49 anos, trocou quatro títulos no estande.
- Geralmente, meu hábito é pegar livros na biblioteca, mas, como tinha muitos em casa que já li, trouxe para fazer a troca - contou.
Já a Câmara Municipal de Porto Alegre levou para a Feira o Troca-Troca de Livros. No estande, ao lado do Bistrô do Margs, há uma prateleira de livros para troca. A iniciativa, que começou em 2011, funciona durante o ano todo.
Até o dia 11, quando termina o evento, o público está convidado a exercer o desapego literário e consciente. Afinal, como diz Waldir da Silveira.
- Todo o livro parado em casa é um desperdício - finaliza.