No dia em que a Feira do Livro tem como tema a "História", atividades e lançamentos se destacam especialmente por tratar da história do Brasil. Entre biografias e romances, algumas das obras envolvem grandes pesquisas sobre personagens e períodos marcantes do país.
Getúlio
O jornalista Lira Neto realizou uma grande pesquisa para reconstituir a trajetória de Getúlio Vargas. Hoje, ele lança Getúlio (1882-1930) - Dos Anos de Formação à Conquista do Poder. Nesse primeiro volume da trilogia sobre o político gaúcho, o autor fez uma imersão no período anterior à chegada ao poder. Lira se dedica a contar quem foi Getúlio Vargas, de onde ele veio e quais eram suas matrizes ideológicas.
- Estive em Porto Alegre e São Borja e pesquisei o arquivo de Getúlio, que fica no Rio de Janeiro. Além disso, fiz pesquisas em jornais da época e tive um contato constante com historiadores - conta Neto.
O segundo volume, a ser lançado em 2013, será focado na Era Vargas, entre 1930 e 1945, terminando com a queda do Estado Novo. O último livro contará o período de 1945 até 1954: da volta ao poder pelo voto até o suicídio. A previsão é que o lançamento ocorra em 2014, ano em que se completam os 60 anos da morte de Getúlio.
Getúlio 1882-1930 de Lira Neto tem lançamento nesta terça às 20h30 no Memorial do RS.
Marighella
Guerrilheiro baiano que fez oposição à ditadura militar, Carlos Marighella ganhou uma biografia que narra sua vida, obra e militância. Para oferecer um trabalho preciso de investigação da vida do biografado, o jornalista Mário Magalhães passou mais de nove anos pesquisando, quase seis deles em dedicação exclusiva. O autor entrevistou 256 pessoas e buscou documentos secretos em arquivos públicos e privados de países como Rússia, República Tcheca, Estados Unidos, Paraguai e Brasil.
- Eu escrevi o livro como um romance. Ele tem tudo que um romance tem, como amores e paixões. A única diferença é que tudo o que está no livro é real. São histórias de quatro décadas do Brasil - diz.
O autor enfatiza que, embora o protagonista seja baiano, o livro está tomado de histórias do Rio Grande do Sul. Além de personagens coadjuvantes que aparecem na história, como Getúlio Vargas e Luís Carlos Prestes, a parte final do livro se passa no Estado:
- O livro acaba no Rio Grande do Sul, mais precisamente em Pinhal, com o guerrilheiro Luiz Eurico Tejera Lisboa.
Mário Magalhães lança o livro Marighella - O Guerrilheiro que Incendiou o Mundo nesta terça às 19h na Praça de Autógrafos.
Araguaia
Mata! é uma história do Brasil contada a partir do Araguaia. É assim que o autor Leonencio Nossa define o livro que será lançado nesta terça na Praça de Autógrafos. Para investigar a Guerrilha do Araguaia, movimento que se estabeleceu na região amazônica entre os anos 1960 e 1970, o jornalista pesquisou durante 10 anos, tendo conseguido acesso ao arquivo de documentos do militar Sebastião Rodrigues de Moura, o Curió. Lá, encontrou álbuns de fotografias e documentos sobre fuzilamento de presos políticos na Ditadura Militar:
- O tempo foi meu grande aliado para convencer o militar a entregar os documentos. Ao mesmo tempo em que tentava ter acesso ao arquivo, levantei histórias e depoimentos de outras testemunhas e protagonistas da guerrilha.
O livro revela detalhes sobre a execução de 41 guerrilheiros no Araguaia. Além disso, segundo Leonencio, pode ser considerado um conjunto de mais de mil biografias, algumas com mais e outras com menos registros.
- Eu diria que Mata! é também uma biografia de Curió. E, de certa forma, é o conjunto das árvores genealógicas de ribeirinhos, militares e guerrilheiros - revela o autor.
Mata! O Major Curió e as Guerrilhas no Araguaia de Leonencio Nossa tem sessão de autógrafos nesta terça às 19h na Praça de Autógrafos.
Jango
O advogado e cronista Isaac Menda lança hoje o livro O Dia em que Jango Passou por Farofa. Misto de romance policial e histórico, o livro é ambientado nos fatos ocorridos entre março e abril de 1964, envolvendo a deposição do presidente João Goulart e o golpe militar.
Enquanto chegam notícias do que estava acontecendo em Brasília, a cidade fictícia de Farofa se vê às voltas com um trama policial que envolve a passagem de Jango em seu caminho rumo ao exílio no Uruguai.
- É um romance que mistura ficção com realidade durante os episódios políticos do começo de 1964. No livro, não falo em revolução ou golpe, deixo para o leitor. O que dá para dizer é que a trama se passa numa cidade fictícia do interior do Estado, enquanto vou narrando o que está acontecendo politicamente no centro do país. A trama policial se mantém como suspense até o final do livro - detalha o autor.
Segundo Menda, o interesse em criar um romance ambientando o episódio sobre a deposição de Jango era uma vontade antiga.
- Acompanhei esses fatos da história do Brasil na condição de testemunha. Vivenciei aquilo, vi tudo. E sempre gostei de pesquisar sobre a época - conta.
Isaac Menda lança O Dia em que Jango Passou por Farofa nesta terça às 18h na Praça de Autógrafos.